E o festival terminou. Mas o trabalho não termina neste relatório. Ainda há acertos de bilheterias com casas e bandas, relatórios finais com detalhamento de resultados aos apoiadores, além do mapeamento das atividades para 2009 e 2010.
Essa pausa foi mais que necessária para que eu pudesse processar todos os acontecimentos que fizeram, deste período, o mais rico em aprendizado humano e profissional, dos meus últimos anos. Colocar um pouco da minha vida pessoal em dia.
Era importante parar, respirar, olhar pra trás e refletir sobre o peso, a responsabilidade, o resultado e a justificativa para tamanha ação.
Lembrar de rostos, de nomes, de sons e frases que ficaram.
Contabilizar e ponderar prós e contras. Mapear a área local, o tamanho, a extensão do nosso território. As brechas, as possibilidades de abrirmos nosso próprio espaço com o peito. Valeu? Vale?
Quem veio, trouxe. Quem viu, presenciou. Vale pelos que valeram e pelos que se fazem valer. É natural e explícito.
Somos nós agora, nós daqui observando o silêncio deixado. Vocês aí, inspirados, se desdobrando em idéias que possam valer em iniciativas.
Nada precisa ser tão inédito de tão custoso. Uma pequena ação, que se faça coletiva pra dois, já é o bastante para que se some, se multiplique e que contamine a todos.
Não é insano se tornar comprometido com o seu meio. E as atribulações de afazeres diversos desviam as atenções ao ponto de não sermos mais destaque. Doido é aquele sujeito que espera o mundo acabar em barranco, parado no mesmo lugar pra ser notado pelo mundo que voa, corre e nem olha pro lado.
Por que um diário? Por que narrar dia-a-dia de um festival independente e expô-lo em suas dificuldades e dramas?
Porque não é conveniente narrar estórias, contar contos e mentiras bonitas - soa estelionato informativo.
Há vergonha em se dizer que uma produção independente não tem dinheiro, quando não tem?
Vergonhoso é sabermos que o dinheiro existe pra festivais dependentes só dele.
É mentira contar que o público de música independente não existe ainda? Que a platéia lotada é resultado de show de graça, ou com atrações da grande mídia?
Há que se refletir e a exposição do fato é de ciência coletiva hoje. Não há milagres, há ações pensadas e voltadas para uma mudança necessária. É necessário agir agora.
É desapropriado convocar a responsabilidade coletiva e não questioná-la quando falha?
É correto termos alguém responsável pelo crescimento do nosso trabalho, quando estamos despreparados para qualquer atitude profissional?
É delicado expor velhos conhecidos que nos expõem. Mas é obrigatório para que se faça valer a transparência e a coragem de não assumir as falhas, erros e más atitudes como nossas também.
Medo, de ferir mais a ferida já exposta? Se não fecha, é, ao menos, saudável que doa.
Verdade é um bem comum e deve ser compartilhada, mas só acredita quem está pronto pra ela.
O BH Indie Music não é produtora de eventos, de shows ou de bandas. É um projeto que visa promover a independência completa de cada artista envolvido nele.
Baseado em relações pessoais e diretas, ajuda quem quiser, à quem lhe interessar (humanamente) possa.
O BH Indie Music é um movimento de quem faz a música, de músico, artista da música, não de produtor de evento. O festival é produzido pelas bandas que dele participam. Esse encontro nacional, nos possibilita vislumbrar além das fronteiras do nosso próprio espaço. E, ao final de tudo, voltarmos a atenção pra onde estamos, moramos, vivemos e, assim, constatamos que o problema não está em BH, em São Paulo, no Rio, em Manaus, em Brasília, Goiânia, Natal, Fortaleza. Está em todos os lugares.
Somos apenas nós que fazemos alguma diferença que atinja diretamente nossos trabalhos de forma positiva. Um grande aglomerado, separado em dois grupos - os que confiam no seu trabalho e os que perderam muito em não somar-se a nós, nos últimos dias.
Retrógrados, atrasados, retardatários (e todos os demais substantivos que se explique o fato de não fazerem parte de algo que também lhes pertença), perdem tempo, retórica e presença para abalar o que comprometa o seu disfarce de artista. É uma minoria em desajuste a este propósito. Mas já há tanto pra se fazer que eles também não são mais destaque.
Vamos deixar boas ações para mérito coletivo e a falta delas para exceções infelizes e individuais.
E falaremos do que interessa: as últimas atrações do III BH Indie Music. Gente que veio de longe e deixou seu trabalho, sua obrigação de quem cria. Sem a vergonha, ou o medo, e sem a ansiedade de não tê-los, só trouxe talento, ouvidos afinados e boas novas.
QUARTA-FEIRA NA OBRA
Eu começo a semana com febre alta. Vou à Obra já com o intuito de ir embora mais cedo para conseguir findar a semana completamente presente. Aviso às bandas sobre a minha intenção de ficar por pouco tempo. Houve choramingo, mas era uma atitude responsável que deveria tomar e tomaria. Afinal, seria a primeira vez que sairia antes da última banda ir embora.
As bandas seriam 9S Fora Rock (com data cedida na falha de agenda da banda Feijão Bandido, de DF), a banda carioca Tapete Red e D´Route, a banda de BH que canta Hard Core em japonês.
Abre D´Route.
A banda já se apresenta com um novo back vocal.
Ele agita, anima e na hora de soltar a voz... é gutural agudo!!!!
É de rachar twitter... é novo, autêntico e acaba recriando D´Route. Ainda vamos esperar mais algumas apresentações para entendermos como se re-arranja a banda, com essa formação. Como vão utilizar desse diferencial para a soma musical da D´Route.
Boa sorte pra vocês e contem conosco.
Em seguida, a banda carioca Tapete Red.
Primeiro dia da banda na cidade, primeiras impressões sendo absorvidas e, atenciosamente, observadas. Estamos nos conhecendo há poucos minutos e a Malu não vai ficar até o final. Isso não é bacana, não é uma boa hospitalidade do festival, mas prometo que vou embora mais cedo para ficar com eles nos próximos dias.
E eles chegam ao palco do porão rocker mineiro.
Tapete Red é Daniel (Guitarra e Voz), David (Bateria), João (Guitarra) e Thiago (Baixo).
Esqueçam as influências de Los Hermanos que contaminam praticamente a grande parte das novas bandas. Aliás, em 2005, quando a banda começou suas atividades, o grupo bossa-rock não poderia influenciá-los tanto, para a nossa grande sorte.
Trouxeram suas canções enxutas, executadas com os equipamentos que couberam no bagageiro, mas que, em nenhum momento, comprometeria a performance do grupo, nesta temporada.
Ouvi duas canções da banda e me despedi de todos.
Depois, pude conferir mais de Tapete Red no Nafta e voltamos a falar da banda, na sexta-feira.
Findando a noite na Obra, 9S Fora Rock.
De quem é essa foto, gente?
Bom pedi ao Arthur para nos enviar umas imagens do show, porque já não estaria mais no local quando eles subiram ao palco.
9S Fora Rock é uma banda que sinto que vai ralar muito junto com a gente, nos próximos anos. São de espírito coletivo e foram assim, durante todo o III BH Indie Music.
Pontuais, com trabalho junto ao público, com disponibilidade para a agenda, com presença durante os shows em que estavam e ensaiados em respeito à platéia.
Muito obrigado (isso em nome de todos) 9S Fora Rock por todos os bons shows realizados no III BH Indie Music. Vocês foram diferenciais, nesta edição.
À exceção, algumas bandas equivocadamente me confessaram, no período, que o rock é pura diversão pra elas. Azar delas. Música é trabalho, é compromisso, é estudo, é prática exaustiva.
Não é da noite pro dia. Não é na sorte. Não é fácil como a diversão é garantida.
Não que não seja extremamente prazeroso fazer música, mas este prazer vem da realização de um bom e árduo trabalho e da convicção diária de nunca estar suficientemente perfeito o se que faz, apesar da opinião contrária do público que nunca consegue explicar o por quê de uma banda melhorar a cada ano e disco. No mesmo sentido, ter a coragem de propôr o novo para ser compreendido há anos luz ou por quem já está lá na frente - agradar a minoria de bons ouvintes.
QUINTA-FEIRA NO MATRIZ
"- Por que não veio a banda de DF?"
É bom contar a história, porque ela se repete e se comprova em narrativas anteriores.
Tudo já começa em julho. Depois que a banda se inscreve, aparece a produtora...
Pede ajuda de custo para passagens ao BH Indie Music e, respondendo ao e-mail, sugiro que a mesma re-leia o Edital.
Logo, a produção retorna dizendo que só há possibilidade da banda participar se conseguir verba de passagens via MinC.
Após longa espera, a aprovação do projeto enviado não veio, como também a banda.
Vou dar um capítulo especial sobre a função do produtor de banda e sua desnecessária participação em projetos como o BH Indie Music.
O trabalho da maioria das produtoras de artistas e bandas independentes é esperar.
Esperar por Leis de Incentivo, por respostas de gravadoras, pelo milagre do sucesso. Até tenho solidariedade com estes profissionais, porque quando esse sucesso vem, em 90% dos casos conhecidos, vem junto a produção executiva da major e eles ficam desempregados, ou viram secretários particulares - aquele que contrata nutricionista pra cozinha, escolhe a roupa pro jantar e te diz o quanto você é talentoso, vinte vezes por minuto - sua auto-estima constante.
No meu histórico tive produtores, mas não admitia ações contra a minha postura artística, moral, ou sem meu consentimento prévio. Pedia as estratégias para partirmos pras ações. Diante de muita canseira das cobranças do tipo, "isso não faz sucesso, não dá dinheiro..." , desisti de explicar ao produtor executivo que ele não era produtor musical e de tentar ensiná-lo a vender arte, que é diferente de sabão em pó. Perdi o medo de parecer "amadora" representando a mim mesma e, quando vi, já era independente e livre.
O trabalho do produtor é fazer a relação pública do artista frente ao mercado. Apresentar o produto pronto para Produtores Musicais inseridos em gravadoras e grandes selos e só desgrudar deles, com contrato na mão. É elaborar e apresentar projeto de venda de show para produtores de eventos, Leis de Incentivo e projetos culturais em secretarias públicas. É gastar cartucho e saliva com diretores e produtores culturais de Sesc. É dar a boa nova da agenda no Faustão ou Programa Eliana. Mas pra que tudo isso valha cada centavo investido em interurbanos e celulares, viagens e sonecas nas salas de espera, o produto vendido tem que ser comercial. Exatamente com a embalagem e conteúdo que o mercado compra. Se não for o gênero popular do momento, a vocalista deve ser linda (não necessariamente afinada), ou a band boy deve ser alinhada em figurino e conta bancária para sustentar o primeiro ano de promoção (um mínimo de 50 mil pro investimento no mercado convencional). Mas com 50 mil pra investir, até Tiririca fica lindo. E até rima de "amar" com "mar" fica elaborada por compositores contratados e anônimos.
O maior desafio profissional de um bom produtor de banda é vender o que os meus ouvidos e os da maioria de nós, não compra, nem suporta moralmente ou musicalmente. E os bons produtores são bons nisso.
Penso que o BH Indie Music é voltado para a independência do artista, inclusive torná-lo independente dos produtores deste mercado convencional. Ao mesmo passo, não é prioridade agora formar esse nicho profissional voltado ao mercado novo e independente. Não antes de conseguirmos dar a solidez e forma ao que propomos na música. É mais vantajoso ensinar aos artistas independentes as funções executivas na arte e é isso que propomos.
Conseguir que alguém competente venda os shows da sua banda, não é problema. Mas no BH Indie Music, o produtor não cabe, não tem função. É contraditória sua presença e participação. Não é ele quem consegue os shows, o material, a divulgação. Repassar e-mail com cópia, nós já fazemos, também.
O projeto BH Indie Music não pode abrir ou facilitar o trabalho do produtor no mercado, que aproveitando das facilidades deste espaço, dispara à frente do independente genuíno e até o derruba. Acaba "aproveitando" desse espaço para lançar seu artista como independente por modismo contemporâneo.
Definitivamente, função de produtor não é buscar água pro palco, nem tão pouco, cerveja. E foi a única função reservada aos produtores, durante todo o festival, além da alienação provocada nos artistas participantes. Um muro, um filtro de comunicação impermeável. Nem o edital foi lido por estas bandas, que chegavam para "mais um show qualquer de carreira".
A presença do produtor, individualiza a participação da banda. Os artistas, nesta edição, com produtores que os representavam, perderam muito em interação e coletivismo, além de estagnarem artisticamente. Não viram, nem ouviram nada, além deles mesmos.
As bandas com produtores, à partir de hoje, que queiram participar ou continuar participando do BH Indie Music, devem assumir o compromisso de participação e comunicação direta com o projeto, deixando aos seus produtores a tarefa que lhes cabe: negociar o mercado convencional de música - que não é o mesmo que estamos criando.
- Fim da explicação para a ausência obrigatória dos produtores, à partir de 2010. -
Na quinta-feira, quem completa a grade aberta na agenda é a Libertas D'Acta. Uma destas surpresas boas que faz até a gente rever os contras. A Libertas D'Acta transporta seu som para o heavy metal tupiniquim. E de tão tupiniquim, até música em salvação da Amazônia, faz parte do repertório.
Coincidência ou lógica, eles abririam pra banda 00:00 do Amazonas, também heavy metal, ou metal melôdico. O primeiro show da banda recém chegada das terras mais longínquas do nosso país, ao III BH Indie Music. Todos ganhariam com isso.
Último show da banda Libertas D'Acta pelo III BH Indie Music.
Com toda a certeza, o maior aprendizado que tiveram em tão pouco tempo.
Criaram mais canções, ensaiam muito e estão online na web, distribuindo seu som, agora mesmo, neste momento.
Valeu demais, Libertas D'Acta. Todos os processos juntos, as pré-seletivas, os shows no Matriz e a participação de vocês neste festival. Nos vemos mais à frente.
A 00:00 sugere sua pronuncia de forma livre. Quem quiser dizer meia-noite, midnight, zero hora, zero-zero, fique à vontade.
A banda chega à Belo Horizonte em quinteto. Imagina, uma banda vinda de Manaus com formação tão numerosa?
Quando chego ao Matriz, já me deparo com eles e é inevitável que fique uns bons muitos minutos conhecendo a história da banda, dos seus integrantes e da cena no norte do país. É aula impagável e não dispenso.
Elias e Moisés são figuras fáceis e, acredito que devido à distância percorrida, tudo até ali já era vitória. Não havia expectativa e parecia que nos conhecíamos há muito tempo. A relação já começa leve e prazerosa.
É muito bom conhecer gente do bem em leveza. Talentosa então... êxtase.
A 00:00 sobe ao palco, depois de ser platéia atenta do Libertas D'Acta.
Tudo era perfeito na performance da banda. Músicos, arranjos, vocal, letras, execução, putz!
Eu já havia ouvido as canções pelas MP3´s e era igual... inacreditavelmente igual. Não, me corrijo: melhor ainda...
Bom, quando a banda produz o gênero Heavy Metal, muita coisa fica guardada nos segredos de estúdio : duplicação de pedais, afinação de voz e execução sincada.
A 00:00 era a do jargão "quem sabe faz ao vivo", sabem?
Eu não tenho discos de metal em casa, nem sofri a influência musical de Iron Maiden. Mas foi indescritivelmente prazeroso ouví-los aquela noite. E não teve um só indivíduo que não passou por mim sem dizer:
- Olha que nem gosto de heavy metal, mas essa banda é muito boa...
Até Luizinho, produtor do gênero em BH, estava lá. O sujeito já ouviu de tudo nessa vida e o som da 00:00 chamou sua atenção a ponto de querer a banda prum evento dele no dia seguinte. Não rolou, claro... muito em cima da hora e com show dos caras no Stone, no sábado. Mas plantaram bons contatos em BH e no nosso canal no youtube, só dá os caras falando com os gringos.
Ainda tínhamos mais dois shows - Cuatro e Tapete Red.
Tapete Red tinha Nafta, na sexta e Cuatro não encerrou a noite, como fizemos em vezes anteriores com as bandas locais.
Converso com Tapete Red e peço que Cuatro venha antes, o que não causou problema.
Enturmados com as bandas da noite, Tapete Red já estava se sentindo em casa. E a casa era nossa.
Entra Cuatro.
A banda de Douglas Tolentino, encerra sua participação no III BH Indie Music com fôlego além do esperado para uma quinta-feira. É uma banda de amigos que se respeitam, é nítido como isso faz diferença nos coletivos.
Mais calejados com a espera de platéia pro seu som autoral, mantém na simplicidade e na cordialidade, seu maior trunfo. Conquistam o público e fazem amigos.
A música que trazem não tem pretensão de ser ousada, vanguardista, pós-moderna. É redonda. O que importa é a mensagem positiva.
"Continua até o fim é melhor pra mim. Vou andando sigo em frente, vamos embora minha gente. Falta pouco, pouco demais. Está muito perto." (trecho de Logo Agora Mesmo)
E é nessa paciência consciente do tempo e do seu valor que caminham pra frente. E caminhamos nos últimos meses, todos juntos. Valeu a companhia, Cuatro.
Segunda apresentação da Tapete Red e, desta vez, a febre não me incomodava.
Já num palco mais largo, a banda carioca se solta e fica mais à vontade.
Com o retorno merecido, as guitarras se ampliam e se somam, compondo o efeito plástico-sonoro propositado da banda.
E as primeiras influências começam a ser desvendadas. É britch é Inglaterra sombria. Letras em bom português com aquele inconfundível sotaque carioca, gostoso de ouvir.
Já estão à vontade em BH e no palco, só se nota prazer.
Ao final dos shows, um vazio.
Se tivesse algum lugar onde um violãozinho chamasse a manhã seguinte, estaríamos por lá. Mas fomos pra casa, todos. Era a última semana do festival, onde cada momento era sorvido até a última gota. Estávamos entre uma das melhores turmas de pessoas legais, naquela quinta, pensando com pesar, hoje, deveria ter tomado overdose de antitérmico pra ficar por alí até o sol raiar em qualquer praça pública desta cidade - teria sido inesquecível.
SEXTA-FEIRA NO MOTOROCK
Eu, no Motorock, fico o tempo necessário para avaliar se a tecnia do local está disposta às bandas e se estão todos tranquilos. Tenho Nafta na mesma noite.
Assim que chego, já os encontro todos no local: 00:00, 3Amperes e The Flexionators!.
Estendo um pouco mais minha permanência no local pra conferir se a 00:00 está em performance sonora compatível com o som da banda.
Por mais que o espaço do Motorock seja apertado, tendo palco que cabe só bateria, os mais complexos shows do festival puderam se apresentar lá. Talvez esta seja a casa eleita revelação do III BH Indie Music. Ao menos, merece.
Na porta, converso com 3Amperes. A banda de Presidente Olegário/MG foi uma das mais ativas do interior mineiro no festival. Vieram pra festa de lançamento (300 Km rodados), liam, atentamente o Blog, mandavam mensagens positivas pra cá, via e-mail e se mostravam, das bandas mineiras, a mais ansiosa pela estréia no festival.
Uma grande pena não poderem ficar mais um dia. Não tivemos tempo de conversarmos mais, pessoalmente. Mas não faltarão oportunidades assim, outro dia.
The Flexionators!, de BH, já estava se divertindo no festival. Tocaram no Matriz com bandas de fora e estavam no Motorock, pela primeira vez. Só faltou A Obra no currículo dos caras. Mas não tardará...
Vou deixar algumas imagens feitas pelo Marco Antônio e narrar a última noite do Nafta, pra onde corri.
00:00
3Amperes
The Flexionators!
SEXTA-FEIRA NO STUDIO NAFTA
Bertola & Os Notívagos, cobre a terceira data da banda de DF ausente.
Eram quatro, as bandas daquela noite: Circular 01, Tapete Red, Bertola & Os Notívagos e Radiocafé, de Juíz de Fora. As bandas Circular 01 e Tapete Red ficaram sem imagens, o Marco Antônio só chegou no final, com a câmera.
Chego no Nafta e o show já começou. A Circular 01 abria a noite, quando a escolha inicial seria com a Tapete Red. Alguém deu uma de re-organizador na minha ausência.
A casa começava a programação, exclusivamente para as bandas presentes. Eram 10 da noite, quase, e ninguém havia chegado para assistir aos shows.
Um fato observado por nós, são os inúmeros e-mails que recebemos de bandas locais, divulgando shows em praça, em boate, aparição em rádio, lançamento de disco-demo e, no dia, na semana do show pelo III BH Indie Music, nem citação no MSN. Se a banda local quer platéia, tem que avisar ao seu público. E não culpe o BH Indie Music pelo trabalho que você não fez. Bom, só reforçando, façam a sua parte como banda, que é mais importante que ensaio de luxo (a 200 reais) pra platéia vazia. As casa atentas, contam o público do local. Se a banda tem público, tem data na agenda. Se não tem, fica mal vista, ou paga o mínimo de locação do espaço pra subir ao palco.
Ainda durante a performance da Tapete Red, a casa começa a ser preenchida por gente que veio conferir Bertola, o festival e a casa.
Sobe ao palco, a banda de Juíz de Fora Radiocafé.
As três bandas da zona da mata mineira que vieram pro III BH Indie Music, tem sons bem distintos, mas algo em comum: uma influência carioca, do eixo.
Beatles tá estampado até no modelo de baixo, da banda.
Logo mandam umas versões bem pessoais do quarteto de Liverpool. O lado B menos tocado dos LP´s e a platéia agradece à inteligência.
Depois que saíram do palco, a advertência: é proibido tocar música não autoral. Mas de boa... já estávamos chegando ao final da maratona e, agora, era a hora de relaxar.
Peço à Bertola um espaço pra agradecer no palco a participação da casa Studio Nafta Pub em abrigar bandas dos quatro cantos do país, nesta terceira edição do BH Indie Music. Cito todas as bandas que estiveram lá e agradeço em nome de todos vocês (fiz o mesmo na última noite de outras casas).
E vem a banda Bertola & Os Notívagos fechar com categoria a noite e a participação do Studio Nafta no III BH Indie Music, nos trazendo seu inédito e recém saído do forno, CD.
Bertola é um artista que esteve presente em todo o II BH Indie Music e no III, também.
Foi mais platéia que artista, durante o festival. Assim, pudemos fazer uma amizade bem próxima, dia a dia. Conhecê-lo gente, me apresentar à ele gente, também.
Contando-me um pouco da sua história de vida, consegui entender o som paulistano, caótico e urbano que ele transmite. Descobri que ele veio de uma passagem na paulicéia desvairada e neurótica. Um pouco do que ele faz é o que ele foi por lá compreender.
Aquela história que repito de que o que vale em tudo isso, é a relação humana criada... Temos amigos em comum, conheci melhor pessoas como Leo Moraes, à partir dele. A banda toda é chegada. Lucas, Del, Serginho, gente que se revê em carinho e respeito.
O Flávio Bertola é um cara muito foda. Não sei sobre ele nem 1 décimo do que imagino. A convicção que tenho sobre a beleza da sua pessoa e caráter está julgada pelo peso e qualidade da banda que o acompanha - Os Notívagos. Diga-me com quem tu andas... E lhes digo que o som de Bertola & Os Notívagos é um dos mais redondos e limpos de BH em todo o festival.
Já no final dos shows, temos mais tempo, eu e João do Tapete Red.
Conversamos sobre os pedais que ele não trouxe, sobre a influência e mútua adoração à Radiohead, sobre nossas vidas e expectativas artísticas.
Repito: o que vale em tudo isso, é a relação humana criada...
SÁBADO NO MOTOROCK
A noite que seria no Hollywood foi transposta para o Motorock por motivos logísticos, mesmo.
Com tanta diversidade musical apresentada no local, não seria difícil uma noite dedicada à música brasileira de raiz negra.
Mas tínhamos um desafio: duas bandas com influências negras no som, ambas do Rio e uma janela deixada pelo Coletivo Dinamite, banda daqui, que não foi tocar.
No relatório da quinta semana, começaram a pipocar os primeiros descontentes das narrativas expostas publicamente.
É tão difícil compreender por que uns são elogiados pelas atitudes e outros não? Alguns me procuraram para atacar a sinceridade dos relatórios. Disseram que é politicamente correto encobrir as falhas e erros. Que a narrativa explícita enfraquece a imagem do festival. Sério? Posso acreditar, cegamente, que eles estavam, muito preocupados com o festival?
Vamos à matemática simples: se o III BH Indie Music dependesse da presença dos que não vieram, do prestígio dos que não foram platéia, do talento de quem se embiritou pra subir ao palco (e chega atrasado), da irresponsabilidade e falta de respeito de quem, daqui da cidade, nem se deu ao trabalho de cumprir seu show, não teríamos festival algum.
É do silêncio, da verdade encoberta que estamos falamos? Ah, viva a democracia e a liberdade de expressão. Quem mente é marketeiro. Fazemos arte, até mesmo construindo este festival. E artista não mente, fala tudo até.
Quem foi citado como exemplo, não agradece, porque não fez por reconhecimento da atitude, mas por liberdade de escolha inteligente. Mas, na mesma medida, quem é citado como exemplo do não-exemplo, resolve esbravejar por uma única causa - a dele mesmo.
"- O que vão pensar da minha banda, com o que está escrito no Blog?" - Aquilo que a banda quis que pensassem. A banda, seus membros, são livres, inclusive para quebrarem quaisquer regras públicas. Que seja público seu descumprimento, também.
A abertura no Lapa Multshow teria espaço para poucas bandas. Imaginem, mais de 40 bandas locais e só 8 vagas no melhor palco do festival? Guerra acirrada já no primeiro dia.
A banda Coletivo Dinamite foi escolhida para estar lá conosco. Dias depois do convite, um e-mail dizendo que infelizmente a banda não poderia tocar porque o feriado prolongado que antecedia o 7 de setembro, seria usado pela banda para descanso e viagem. Ainda terminam o e-mail dizendo "outras oportunidades, com certeza, aparecerão".
Bom, quem sou eu pra dizer que não, mas com esta justificativa, não no BH Indie Music.
Tudo bem, continuamos e, quando apresento a agenda pra banda, o deslocamento dela parece ainda mais preocupante:
" - Malu, só tocamos no Matriz, até hoje. Estamos preocupados em tocar no Hollywood porque é a primeira vez que tocaremos no espaço..." - hum? Um projeto que visa ampliar o campo de atuação ao vivo da música independente na capital, sendo sub-aproveitado pela banda?
Há momentos que é muito fácil ser inteligente na resposta de um e-mail como este. Noutros, a gente se limita ao básico "conforme o edital", quando é recorrente o equívoco.
Ok, mudamos pro Motorock. A banda, literalmente, dá bizziu... Eu chamo de diarréia mental quando se tenta das formas mais absurdas fugir da responsa e ataca o outro pra que desistam de solicitar você. Coisa de artista que acredita que está ficando famoso.
Mandaram um e-mail, exigindo serem as primeiras bandas no palco, ou não tocariam. Estariam muito cansados naquele sábado, quando muitos trabalham e estudam (no domingo?, pensei) e pra eles se não fosse prazeroso, não valia.
Argumentei que as bandas que estariam com eles eram do Rio e que estariam ainda mais cansadas com a viagem. Também pedi para que não nos envergonhassem (não cumprindo aquele show) e que não fossem irresponsáveis. Pra quê???
Após eu ter enviado, pras três bandas, a programação e cronograma daquela data, com a Coletivo no meio das duas bandas cariocas, mais um disparo cerebral, a resposta da banda: meu e-mail argumentativo anterior foi desrespeitoso pra eles e eles não iriam tocar.
Galera, sem paciência alguma pra vaidade, quem quer respeito, que se dê ao respeito, primeiro. Coisa que durante o festival, não foi presenciado com a atitude do Coletivo Dinamite e chances não faltaram.
A banda não pecou com o festival, pecou no festival com as bandas P.avi.U e Partido Leve.
Sem noção de nada, se despediram no último e-mail, dizendo que o trabalho deles é pra palco de rua e não pra casas privadas.
Ops, alguém entrou bêbado no banheiro errado...
Minhas sinceras desculpas às bandas P.avi.U e Partido Leve pela péssima escolha da banda local que recepcionaria vocês na primeira noite em BH.
Fico no Motorock somente o tempo necessário pras bandas se sentirem seguras com a tecnia e vou ao Stonehenge.
Estas são as imagens do Marco que ficou por lá com a galera.
P.avi.U
Partido Leve
E ainda teve mais um show do Tapete Red.
SÁBADO NO STONEHENGE
Shows da Accidents de São Paulo, 00:00 de Manaus, Radiocafé de Juíz de Fora e Vulgaris de BH.
Quando a Vulgaris não apareceu, nem achei de todo ruim pro festival, mais negativo seria para eles.
O Stonehenge continuava com a programação BH Indie Music + Cover e, nessa noite, a banda clássica era AC-DC do Seu Madruga que tocaria na área externa.
Naquela noite, ainda estávamos sem nenhuma orientação sobre a escala. Quem abriria? Os shows começariam lá fora com o AC-DC, ou lá dentro, com o BH Indie Music?
O tempo estava apertando, com o atraso da banda cover e pedi que começássemos lá dentro, primeiro.
Abre a banda Radiocafé, pelo som mais soft.
A câmera chega só mais tarde e só temos a imagem da banda já como platéia, no seu merecido descanso.
O sábado estava chuvoso e o Stonehenge, provilegiado pela área externa, estava espremido no varandão e nos corredores pelo público.
Pra fugir do tumulto, davam um rolê no espaço e conferiam o som autoral do inferninho.
Bom pras bandas lá dentro.
Depois de encerrado o show da Radiocafé, procuro mais informação.
O Seu Madruga começa agora? Não. O vocalista não tinha chegado, ainda. Podemos continuar lá dentro.
AC-DC... 00:00...
Vamos de heavy metal.
Entra 00:00.
Dez minutos do início da banda no inferninho, o vocalista do Seu Madruga chega. Me pedem, na casa, pra que eu interrompa o show do 00:00 pra começarem o AC-DC lá fora.
NUNCA!
Ou a banda lá fora esperava 30 minutos, ou teríamos 2 shows simultâneos, na casa. A banda não esperou e tivemos dois shows competindo entre si, numa mesma hora e local.
Tratar banda independente como abertura de show principal, não era a proposta do BH Indie Music, em nenhuma circunstância negociada. E a opção de não interromper o show da 00:00, foi em respeito à banda, seu trabalho e percurso até chegar ao III BH Indie Music e ao Stonehenge.
Talvez tenha faltado umas poucas pessoas a mais lá no inferninho. Uma pena para aqueles que perderam um puta show.
E a banda de Manaus 00:00, mostra, mais uma vez, nos três palcos distintos em espaço, acústica e equipamentos, que sabe equalizar palco e mostrar o melhor do seu som.
Parabenizo a 00:00 pela coragem de atravessar o Brasil e estar em BH conosco, construindo um dos mais importantes festivais de música independente do nosso país. Qualquer valor agregado ao festival, ao BH Indie Music e à todos que deles participaram, até agora, tem a parcela de atuação e responsabilidade de cada um de vocês que pegaram estrada para presenciarem e estarem presentes nesta festa. Quanto mais quilômetros percorridos, mais responsabilidade nesta credibilidade que hoje temos. Obrigado, 00:00.
Pausa para AC-DC no varandão do Stone.
Em seqüencia, Accidents, o trio de Mogi das Cruzes, no quartinho do Stone.
Esse show da banda é o mais acessado, nos últimos dias, através do nosso canal youtube pelos usuários americanos.
A primeira aparição de Accidents, em Belo Horizonte, aconteceu no Stonehenge.
Em março, a baixista Ju veio à BH com a banda Maquiladora, substituindo a baixista da banda. Era uma participação das meninas no Grito Rock Sabará que acabou se estendendo ao BH Indie Music, para a nossa grata surpresa.
No final do show da Maquiladora, a Juliana chega com um CD do Accidents e diz que adoraria vir com a sua banda pro Festival. E veio.
As bandas de Sampa, durante todo o III BH Indie Music, foram as que chegaram mais cansadas da viagem. A monotonia da Fernão Dias é exaustiva, mesmo. Mas com Accidents, o tesão de tocar, pela primeira vez em BH, falava mais alto. E não foi difícil para eles, segurarem a adrenalina até às duas da manhã daquele sábado, contaminando o público que se aguentava firme, desde as 10.
Constatamos que o saldo de ingressarmos num espaço como o Stonehenge é comercialmente viável. E, apesar de toda a pressão que gira em torno do lucro da noite, foi positivo.
Mesclar a produtividade artística autoral à cover é um bom apelo pro caixa do estabelecimento. Contudo, os percentuais repassados aos autores e aos covers, devem ser revistos em futuras atividades, para que o trabalho autoral não seja subjulgado pelo valor nele pago.
Uma percepção séria é a falta de interação do espaço com a programação apresentada.
Durante nossa abertura no Lapa Multshow, nas quase 10 horas de programação, entre montagens e desmontagens, o empresário do espaço esteve lá, presente e observador. O que corresponde, mais fielmente, à sincera intenção de uma casa parceira. As bandas que foram assistidas e avaliadas presencialmente pelos proprietários dos espaços, serão as reconhecidas, nos próximos meses, como as mantenedoras da promoção destas casas, no Brasil e exterior - um trabalho reconhecido como válido por quem o acompanha e que gerará futuras contratações.
Além do Lapa, no Matriz o Edmundo ouve cada banda que pisa em seu palco com atenção. No Motorock, o Fernando e o Marcão, fazem o mesmo. No Nafta o Thiago, que também é músico, ouve bem atento, cada banda.
Casas como A Obra e Conservatório, confiam nos técnicos mais antigos. A Obra, o Gil manda relatório diário ao escritório. No Conservatório, o Carlão também está sempre atento e dá seu feed back. No Hollywwod, os produtores contratantes avaliaram uma a uma das atrações.
No Stonehenge, ninguém da casa entrou, durante os shows, para conferir o que estava tocando. Muito provavelmente, as bandas independentes não voltarão ao local por contratação da casa, senão indiretamente relacionados a projetos, dentro de acordos bem comerciais e metas de marketing, como os estabelecidos no III BH Indie Music.
A música, definitivamente, nem em sua qualidade, ou arte inovadora é a questão mais importante na contratação dos shows.
Até com as bandas covers, não conta o repertório, mas o número de pessoas que a banda leva. Então, adentrar no universo da música ao vivo comercial, há de se ter público de, no mínimo 40 pessoas cativas, para que o artista/banda consiga agenda e cachê.
Mãos à obra, cada um de vocês - música boa e network.
FESTA DE ENCERRAMENTO
Um capítulo à parte...
Como tudo começou, dez bandas, encerrariam o III BH Indie Music.
Durante aquela semana, pensei em quantos faltavam para estarem naquela festa conosco.
As bandas mais novas do BH Indie Music, faziam falta lá.
Alguém conhece o programa britânico "Later... with Jools Holland"? Era este programa que me inspirava pra festa.
Sem muito alarde, organizamos a montagem de um palco alternativo no local, com todos os equipamentos cedidos pelo Studio HUM. A idéia era de que os dois palcos funcionassem na área interna do Matriz. Ao final de uma apresentação no palco principal, outra apresentação aconteceria no alternativo, imediatamente ao fechamento da cortina. E a atração do palco alternativo era livre, ou melhor, quaisquer das 80 bandas que quisessem e estivessem no local, se apresentariam.
O público, só teria o trabalho de girar o corpo em 180 graus pra esquerda.
Mandamos mais de 80 convites às bandas daqui que estiveram no I, no II e no III BH Indie Music. Todos, sem exceção foram convidados, salvo os que estão desligados do BH Indie Music por alguma quebra de edital.
E a festa esteve boa...
As primeiras das 10 bandas a se apresentarem eram P.avi.U e Partido Leve.
Além da lógica das bandas de fora terem prioridade para pegarem mais cedo a estrada de volta às suas cidades, a montagem do palco destas duas bandas era bem complexa.
Ambas usariam o mesmo set de percussão e no Matriz, cada peça é microfonada.
Mas as montagens estavam atrasando e as bandas do Rio não queriam abrir. Por outro lado, a Accidents tinha medo de entrar muito tarde. Eu, não achava plasticamente bacana, deixar uma percussão montada no meio do palco, com uma banda de rock sendo fotografada e filmada com aquele cenário lá atrás.
Bom, resolvidas algumas pendengas e discussões de cronograma inicial e produção artística, abre Accidents.
E logo, todos que estão na casa, já correm pra pista para assistir ao show da banda, de perto.
Mais hard que no Stone, Accidents veio trombando com tudo que vinha pela frente. E abriram, ou melhor, arrombaram a festa. Uma escolha, mais que acertada, propor à Juliana, ao Felipe e ao Raphael, a divertida missão.
Valeu Accidents pelo som que trouxeram ao III BH Indie Music.
Enquanto desmontávamos o palco principal e o montávamos para a próxima banda, no local, já com tudo plugado, recebemos a visita da banda Simples, no palco alternativo.
UHU!!!!
Sincronismo perfeito.
Som simples, mesmo sem os gigantescos PAs do Matriz, conseguiu comportar além do esperado, o propósito da idéia.
A banda, chega, pluga, sobe o volume e toca.
Simples faz mais que isso e aproveita cada minuto do atraso da banda que montava o palco principal, para segurar a atenção da platéia que não saia nem pra buscar água ou ar, de onde estavam.
Não foi difícil reabrir a cortina pra apresentação da banda Partido Leve. O público já estava lá dentro da área de show.
O espaço já está mais que preparado pra banda carioca entrar com tudo.
Swing, ginga, e ritmo... E a malandragem carioca chega bem gostosa naquele domingo... pra completar, só faltava uma bela feijoada, caipirinha e sol na cuca, além do mar que não trouxeram... Mas a brasileiridade veio grudadinha com eles.
Parabéns Partido Leve, pelo puta show de ginga e simpatia.
Então, no intervalo, mais uma surpresa - Luis Curinga.
Desta vez, não teve chance de sair de lá ignorante. Tava na cara de quem quisesse ver a verdade nua e crua - O Curinga é um guitarrista excepcional.
Ter um cara desses, sem contar a banda que tá com ele (Norberto e o grande Lucas), junto dessa super gig que é o BH Indie Music, é privilégio.
Melhor ainda:
gente de talento inabalável ajudar às bandas que estão começando, como no apoio do Studio HUM, que é administrado pelo Curinga, Lucas e Bráulio, é coisa rara, ainda nos dias de hoje.
Obrigada Curinga, Lucas, pelo show de conhecimento e técnica, além de humildade e da parceria que presenciei, vivi e com elas muito aprendi.
Palco principal pronto. P.avi.U na área.
Aquilo não era Ska, aquilo não era Reggae. Mas que farofa sonora é o P.avi.U?
Depois de ouvir com bastante atenção consigo chegar à alguma luz de raciocínio musical praquilo que eu estava ouvindo.
- Já sei! Funk jamaicano!? - que exercício de audição. E espero pra ver se a resposta está certa.
Galera a mistura independente já estava alí forte. E, na festa de encerramento do III BH Indie Music, fica latente uma majoritária condição referencial do mercado novo de música - a pluralidade, o multiculturalismo, a intergeneralização rítmica. Coisa que só o conhecimento dá.
- O Indie faz rock? - não, indie faz arte.
A música, antes perdida na condição de espectro de flashback, apresenta seus primeiros sinais de salvação e renascimento. Já temos uma noção mínima de que muita coisa vai mudar no mercado e no comportamento da música, com a chegada dos artistas independentes.
Parabéns P.avi.U pelo comportamento musical explicitamente independente.
Fecha a cortina.
Bom, o tempo estava apertado. Tínhamos mais 6 bandas pela frente e o palco alternativo é tomado pelas bandas do encerramento, também.
A primeira banda escalada foi a Lhyz.
No início tiveram medo do palco menor, mas visto os equipamentos disponíveis e a condição técnica propícia, embarcaram e não se arrependeram.
Até espaço pra banner da banda, encontraram lá.
A Lhyz foi uma banda que pegou van, veio de longe, para ser avalidada em pré-seletiva, no primeiro semestre.
Ficou bem colocada, mas as bandas do interior não poderiam passar pela seletiva final sem prejuízo eminente (etapa que valia apenas o voto do público no local), a banda corria grande risco de perder a viagem e não participar do festival.
Assim, as regras, na edição do edital 2009, mudavam e a Lhyz se inscreveu junto às bandas do interior mineiro que também estiveram no festival.
A banda de Lagoa da Prata aproveitou cada dia dos últimos 4 meses para compor mais, criar e aprimorar seu trabalho. E chega ainda mais madura, desta vez. Quer mais? Trouxeram um monte de gente na van com eles. Mais que público, fãs ferozes, que não deixavam uma palavra em branco, fazendo forte coro em todas as músicas da banda.
Parabéns, Lhyz pelo crescimento da banda e pelo trabalho empregado nesta conquista.
Aceleramos a programação.
Próximo show, RAM.
A banda estava lá, pontual, desde o início da festa.
Depois de tanta brasileiridade, era bem melhor que RAM chegasse mais junto de um top rock'n'roll. Mas, integrantes da banda tinham compromisso mais à tarde.
A RAM tem um espírito clássico de fazer rock. Também segue influência das jams sessions, do pé do jazz na psicodelia.
O repertório escolhido pela banda que prefere poucas e longas canções em detrimento de explorar mais a extensão da produtividade de composições da banda, tem chamado a atenção da platéia. Vou lançar questionamentos, puro exercício filosófico:
- A música independente, leia-se autoral e inédita ao público comum, é percebida enquanto improviso?
- Em espaços de exposição do trabalho criativo autoral, mais vale aproveitar o máximo do tempo para apresentar o máximo de obras?
- Improviso tem time?
- Time é felling?
- Músicas longas (10 a 20 minutos) devem manter temas ricos em harmonias e melodias díspares, ou serem criativas a ponto de despertar o público como um tapa na cara?
Bom, já se tem bastante a pensar até 2010.
Na seqüencia, uma brecha no palco alternativo. A surpresa era Bertola, cantando uma música do seu disco composta por Rond Gaspar, da Antenafobia, na guitarra.
Na bateria, Cristiano Heleno (vocal de Os 4 Ventos).
E o palco alternativo cumpre seu propósito de experimentação, também.
O que estava valendo era a gana de mostrar o que faz. Agora, artista não pode dizer em vão que não tem espaço pra apresentar o som autoral. Espaço tem. Tá lá. Você tem o que mostrar?
Eu, estou ausente, montando o palco pra Junkbox. Minha vez de tocar.
As bandas de São Paulo e Rio, já tinham ido embora. Eu não me preocupava com isso, mas lamentava, sim. Mais que todo mundo envolvido vi o quanto é valiosa a integração pras bandas, mas era prudente sacrificar a exposição da Junkbox para estar presente no backstage do festival, em tempo integral. E a abertura e o encerramento do III BH Indie Music era o máximo que poderia providenciar pro meu lado artista.
Naquele momento, nada importava. Se o tempo estava apertado, se a casa estava esvaziando, quantas bandas tinham pra tocar. Fui ligar minha guitarra e fazer minha parte, também nesse festival.
Na bateria, Dudu Campos - percussionista da Orquestra Sinfônica de MG, baterista da Transfônica Orkestra e Sagrado Coração da Terra. Mais que os títulos profissionais, amigo de oito anos.
A banda é outra no comando de Dudu. E apesar da pulsação diferente, o Rafa nunca me pareceu tão feliz no palco. À vontade, com uma cozinha de invejar qualquer banda de rock alternativo, nem uma música seria igual ao que estávamos acostumados há 7 anos, mas tinham sérias chances de serem bem melhores.
Pra quem pega o bonde andando, falo de todas as bandas e devo contar os conflitos da minha, também - nada mais justo.
Desde que o Jotta (ex-baterista da banda) vendeu sua batera, pra fazer capital na sua loja de conserto de celulares, os conflitos começavam na banda. O problema não era a venda do surdo, tons e bumbo, mas do maquinário e dos pratos. E seguimos mais 4 anos assim. Hora, o Rafa aparecia com os pratos do baterista da sua banda, hora eu alugava e pagava o aluguel. De braços, literalmente cruzados, ele só se dava ao trabalho de montar o set. Até buscar e entregar o material, nós fazíamos.
Muitas vezes pedia aos amigos das bandas do BH Indie Music pra, indiretamente, me emprestarem os pratos. Aconteceu mais de meia dúzia de vezes, mas começou a virar piada no meio indie e a galera começou a negar empréstimo.
No dia do primeiro NÃO, um histórico e vexamoso discurso, no meio do show. Nele diz que o mercado underground deveria prover a ele um salário mínimo, ao menos (é de rir, pra não chorar) e disse que só tocava na banda se os companheiros indies emprestassem à ele seus pratos pessoais.
Em frente à plateia do BH Indie Music, num Projeto Matriz, em 2009, acordei pro terrorista fundamentalista alienado que alimentava na minha própria banda.
Na festa de lançamento do III BH Indie Music, liguei pra ele agendar os shows da banda, no período. Ele me pergunta se iria providenciar os pratos. Pacientemente, disse que ele encontraria os pratos montados no show, mas que era importante que ele providenciasse um jogo pra ele, já que vendeu os pratos há 4 anos e nada da sua loja devolver o dinheiro investido.
Ele disse que tinha 5 mil no banco pra comprar uma bateria, mas que não faria isso porque a música não dá dinheiro a ele. Só me lembrei, na hora, dos 5 reais que ele não teve pra bancar os aluguéis, quando chorava que estava duro...
Perdi a paciência e disse pra ele procurar emprego com a Elba Ramalho, mas que ela não iria contratar baterista, sem bateria. Confessei que não aguentava mais sofrer com ele e negociamos que aquela era a sua última apresentação na banda e, como processava sua filosofia, infelismente como músico na vida. FIM! da linha pra ele.
Teria 40 dias pra resolver meu problema, mas não tive muito tempo pra isso. Convidei o Dudu pra me ajudar nessa bronca, na quinta e ensaiamos 40 minutos no sábado - coisa recomendada só pra quem tem o mínimo de 5 anos de repertório, ou 20 anos de palco profissional. Mas confesso que esse foi meu melhor show na Junkbox, até hoje.
Valeu demais Dudu Campos. Valeu Rafael Dinamarque, pela sua amizade, talento e presença há anos. Amo vocês.
Opa! O tempo tá correndo... Temos que usar os palcos 1 e 2 simultâneamente com a programação. Converso com as bandas e ficam Quase Coadjuvante e Os 4 Ventos no palco alternativo. No palco 1, Ganga Bruta e Dmor.
Começa a apresentação da Quase Coadjuvante, assim que fechada a nossa cortina.
Eu tinha corrido pra galera, alguns amigos que não iam há tempos pros shows da banda e a turma mais chegada veio comentar do show, do Dudu... perdi quase toda a atenção na Quase Coadjuvante, até que vi Cristiano (Os 4 Ventos) invadindo o palco da QC. Me transporto ao II BH Indie Music, onde a festa de encerramento propôs às bandas que interpretassem músicas de outras bandas do festival - o resultado surte efeito de atitude espontânea até hoje.
Os shows, agora, são reduzidos drásticamente para enxutos 30 minutos. A Quase Coadjuvante teria novo show na semana seguinte - Saideira do III BH Indie Music na Obra e fizeram sua apresentação pontual.
Enquanto isso, a Ganga Bruta já estava aflita pela abertura das cortinas no palco 1.
E abrem-se as cortinas.
É, Sete Lagoas está bem servida de bandas...
Além da Ganga Bruta, Maria Melodia, também esteve por aqui e a produtividade da cidade não pára por aí... Santeria, El Son da Terra devem voltar aos palcos do Matriz em 2009.
Como a antepenúltima atração, talvez tenha lhes faltado um pouco do aquecimento do público pra ligar o 220 na banda, mas nada comprometeu a boa performance de André Bigode (vocal).
O público, já instalado em mesas e cadeiras no local, só virava a posição da cadeira em 180 graus, entre um show e outro. E já era platéia atenta sentada, naquele momento.
Ao final do show da Ganga Bruta, o palco 2 já está com Os 4 Ventos à todo vapor. E ao agradecimento da banda de Sete Lagoas, a primeira baquetada de Os 4 Ventos.
Mas eu estava ansiosa pra dar uma boa notícia pra banda, guardada à sete chaves há 2 semanas que até esqueci de tirar as fotos. Desculpa galera...
A boa notícia era a de que Os 4 Ventos, ganhava a produção de um EP através da parceria do Studio HUM e do III BH Indie Music. Peço licença pra banda pra dar algumas palavras no microfone deles e os pego de surpresa.
A platéia vibra, aplaude e a banda, se emociona com o anúncio público. Valia cada um dos 10 anos da espera deles. A decisão é restrita entre o BH Indie Music e o Studio HUM, onde prevaleceu a qualidade musical da banda e o trabalho desenvolvido nos últimos 12 meses, por nós acompanhado. A aceitação desta decisão, por todas as bandas, é unânime.
A primeira aventura de Os 4 Ventos em estúdio já começou há alguns dias, onde estou assinando a Produção Musical e será detalhada no Blog Disco Independente.
Último show da noite e do encerramento do III BH Indie Music, fica com Dmor.
A Dmor, junto com As Horas e Junkbox são as únicas bandas presentes nas três edições do BH Indie Music. Legal que encerrasse como exemplo de continuísmo e integração da cena.
Eu não posso falar muito da banda, sou fã. E, apesar de toda a humildade dos meninos e simplicidade destes caras, é uma enorme soma ter Dmor no BH Indie Music.
Quantidade não é qualidade, é bem verdade. Mas se 10% de nós, nos sobressairmos com nossos talentos, conseguirmos criar juntos um cenário comercial pra música independente e continuarmos a construção de uma via possível pra arte no mercado musical, já teremos dado passos fundamentais para que a música volte a ser criativa, original, inteligente e humana.
Estamos sozinhos, mas juntos nesse trabalho.
AGRADECIMENTOS
Fizeram o III BH Indie Music as bandas de BH Os Agulhas, 9S Fora Rock, Antenafobia, Aldan, As Horas, Bertola & Os Noctívagos, Cães do Cerrado, Circular 01, Consciência Suburbana, Cosmocrunsh, Cuatro, D´route, Demonlays, Dmor, Doravante, Fábrica de Boatos, G50 Gertrudes, Hotel Tofu, InVerso, Junkbox, Libertas D'Acta, Luis Curinga, Mário Bróz, Monograma, oFuska, Os 4 Ventos, Os Decréptos, Outsides, Palimpsesto, Quase Coadjuvante, Ram, Simples, Studio Zero, Superegos, The Flexionators! (banda ganhadora do SINGLE pelo festival com o apoio do Studio HUM), US Mula Preta, Utopia! e Valsa Binária.
As bandas de Minas Gerais Alethárgika, Del Ares, Flávio Junio & Mundo Pacumã, P.E.S.O, Templaris, Híbrida, Radiocafé, Bonança, Lhyz, Nonada, Locus, Bermes, Dom Az-Mute, Cor de Fubá, Seu Juvenal, 3 Amperes, Cidadão Comum (devemos um show pra essa banda, ainda), Madrasta, Ganga Bruta, Maria Melodia, Konkem e Manolos Funk.
As bandas do Nordeste Lavage (Fortaleza 2.251Km) e Blinders That Came From Your Old Town (Natal 2.361Km).
As bandas do Rio (445 Km) Contra-Capa, Gametas, Kopos Sujus, P.AVi.U., Partido Leve, Sufoco, Tapete Red e Tereza.
A banda de Goiânia (874 Km) HideSoul e as bandas de Brasília (748 Km) Liwafelk, Brown-HÁ, Malc, Velásquez, Velhos e Usados e Vitrine.
As bandas de São Paulo (586 Km) Foil Empire, Vento Terral, Accidents, Maquiladora, Espasmos do Braço Mecânico, Scott Tigger, Berrodubio, Pronúncia, Cara Suja, Drama Beat, Highfellas, Plame (que vai se apresentar no Rio, galera), Project XK, Projeto da Mata, Projeto Trator, Up Brothers, Encore Break e Madeleine K.
Mais que especial, o agradecimento à participação da banda 00:00, do Amazonas, pela distância percorrida (3.951Km) até o BH Indie Music.
Nosso agradecimento coletivo à cada vocalista, baterista, guitarrista, baixista, tecladista, dj, programador, percussionista, trompetista, trombonista, gaitista, violonista e multinstrumentista que assumiu e trouxe sua banda, nesse festival.
EMPRESAS E EMPRESÁRIOS PRIVADOS QUE APOIARAM O FESTIVAL
Oi FM - spots publicitários gratuitos pelos 42 dias do festival.
Pato Multimídia - criação e produção da trilha do III BH Indie Music e suporte em equipamentos de palco para o Lapa Multshow e Hollywood Music Bar (19/09).
Mercotape - midias digitais e suporte em material de escritório (pré, produção e pós produção).
The Hell's Kitchen Project - Art Designer do material do III BH Indie Music, por criação de Leo Braca.
Studio HUM - cessão de equipamentos de palco para as casas Motorock, Conservatório Music Bar e Matriz (Festa de Encerramento), apoio parcial na locação de equipamentos para o Stonehenge, desconto em ensaios das bandas durante o festival, além da produção integral do primeiro EP da banda Os 4 Ventos e do Single da banda The Flexionators!.
Bar da Candinha - valor doado de 80 reais na confecção do banner para o Lapa Multshow.
Café Folha Seca - oferecendo refeições por R$5,90 às bandas participantes.
Supermercado (que preferiu a não citação pública) - R$400,00 na confecção do material gráfico (folders e filipetas do III BH Indie Music, no valor total de R$440,00 com fotolito).
ABRAÇARAM ESTE FESTIVAL
Todas as bandas do interior de Minas Gerais, São Paulo, Brasília, Goiânia, Nordeste, Amazonas e Rio de Janeiro, que estiveram aqui, durante o festival, fazendo do III BH Indie Music o maior festival nacional de música independente do país.
As bandas In Verso, Cara Suja e Berrodúbio que abriram o festival sem previsão de lucro em bilheteria.
O Lapa Multshow em concordar em esperar, até hoje, o acerto do prejuízo do dia 07 de setembro em paciência e incentivo.
Ao Fernando "Vutus" do Motorock por estar atento e dispor, do que pôde, para nos ajudar, a cada data no Motorock, inclusive abrindo mão do percentual da casa para as bandas nas primeiras semanas.
As casas parceiras A Obra, Matriz (sempre), Hollywood, Motorock, Conservatório Music Bar, Studio Nafta e Stonehenge. Além de cada funcionário destas, de seguranças, atendentes, gerentes, produtores, à caixas.
Especialmente a cada técnico de som que cuidou de freqüencias, equipamentos e volumações para que tivéssemos as melhores performances em palco, dignas dos grandes artistas.
E cada músico inserido no festival, que presenciou dez ou mais bandas, com seu dinheiro ou com entradas liberadas, mas que, com esta atitude, promoveu uma platéia digna de cada banda que subiu nos palcos do III BH Indie Music.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Marco Antônio, Marcus Ganddu e Marco Aurélio Prates pelas imagens registradas de todo o festival.
A colaboração dos amigos, Marco Antônio (novamente), Rond Gaspar, Leo Moraes, Diogo Pertence, Daniel Pertence, Flávio Bertola, Luis Curinga e Lucas Silva, no dia-a-dia do festival.
Aos que emprestaram, sem amarração, seus pratos, pedais de bumbo, pedestais, máquinas de chimbal, caixas e até guitarras, cordas e correias para quem não as tinha, não por má fé, mas por dificuldade logística mesmo. Vocês promoveram o espírito coletivo do festival.
Ao incentivo presencial, moral e emocional das famílias que criamos (esposas, maridos, filhos), das que nos criaram (pais biológicos ou adotivos), dos bons amigos que nos guiam e do público que nos aprecia - nossas maiores forças.
por Malu Aires (Organizadora do BH Indie Music)
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