terça-feira, 20 de outubro de 2009

III BH INDIE MUSIC - RELATÓRIO DA QUINTA SEMANA

O relatório da quinta semana chega atrasado. Postado, hoje, quando o Festival oficialmente já terminou.
A última semana exigiu tempo extra e não muito tarde, relato os melhores momentos da Quinta Semana do III BH Indie Music, neste blog.

A cada semana, os relatórios do III BH Indie Music são esperados por todos, impacientemente.

As bandas, que daquela semana participaram, esperam minhas atenções por cada esforço medido em palco.
Os amigos atentos, esperam a reciprocidade da minha atenção ao zêlo recebido.
As casas parceiras, também estão lendo com atenção semana-a-semana deste projeto, medindo seus esforços empregados e o retorno destes.
E, os que fugiram da ética, também esperam minha avaliação pública.

Hoje, os blogs e veículos espalhados pela rede virtual, nos dão o poder de dizer exatamente a verdade. E a verdade não é multipla como os pontos de vista. Devemos saber procurá-la bem. Ela é uma só.

Desde de o início deste projeto, me comprometi a levá-lo, até o final, com a mesma atenção à qualidade artística empregada nele, dia após dia. Ocupei-me dos detalhes que não fizessem das bandas diferentes umas das outras. Me ative ao respeito mútuo, à ordem que não atrapalhasse ninguém, à palavra empregada a cada acordo firmado.
Fui dura e rígida para que o projeto não virasse festa de amigos ou arrastão incultural - farra desmedida.
Pedi e solicitei presença. Cobrei postura e participação.
Me antecipei à cordialidade alheia, que na sua falta de bom senso coletivo, apliquei-a em regras, organização.

Nada fugiu dos direitos a mim reservados, como organizadora. Ofereço espaço para campo de trabalho profissional, através do BH Indie Music, onde, em jogo, está a moeda, o dinheiro, pouco ou muito, recebido pelos artistas. Em jogo também está a minha competência nas obrigações deste projeto que são respondidas por mim. Em troca, respeito e comprometimento profissional, são exigidos, ainda que retirados à força.

A paciência é necessária em qualquer atividade com mais de quatro centenas de pessoas envolvidas. Eu trabalhei muito a minha tranqüilidade, todos estes dias.

Uns aprendem com os puxões de orelha e recebem novas chances.
Outros, são os donos do umbigo do universo.
Não é difícil desagradá-los. O olhar altivo sugere nossa submissão e subserviência.
Não é difícil desagradá-los. Basta que alguém se proponha a fazer o que exponha sua própria incapacidade criativa e produtiva.
Não é difícil desagradá-los. Basta que sejamos exatamente diferentes deles para torná-los genuínos.
Não é difícil desagradá-los. Basta não agradar somente e unicamente à eles.

A ignorância moral e humana é mais perigosa que uma bomba atômica recheada de Ebola. Explode a cada 2 segundos, bem do seu lado. O tempo todo. E traz esse caos em força centrífuga reversa.

Bandas dos quatro cantos do país, estão levando a importância deste projeto consigo, junto às ferragens e cases. Prestigiam a cidade e os espaços. Prestigiam as bandas, a música independente e valorizam cada novo nome conhecido.
Aqui, a reclamação é recorrente. A insatisfação improdutiva e imprópria, vergonhosa.
Medo de levar à sério o que era só brincadeira?
Preguiça e desconfiança são coisas bem distintas e alguns daqui fingem não saberem disso.

Desde de o início deste projeto, em 2007, quando estávamos ainda em tópicos de discussão no orkut, o blá-blá-blá desviou, por meses, a ação.
"Isso não funciona, isso não vai dar certo, aquilo isso..." - era papo desenfreado de vagabo. Quem põe a mão na massa, sofre com a falta de válvula de descarga nas orelhas que vira pinico cheio.
Na platéia deste projeto, naquele início, não via gente que não sabia fazer. Via gente que queria que os outros fizessem. Não era desconfiança, era preguiça, mesmo.
E quando se consegue provar, por A+B que a ação leva a resultados e que estes são melhores que qualquer quadro estático, os descontentes se levantam, dão-lhe as costas, armam projetinhos mais fáceis, pra 3 ou 4 e bancam os antenados pra meia dúzia de entendidos do indiestyle.

Fazemos mais inimigos que amigos no empenho de qualquer ação de resultado coletivo. Sindrome da Bomba H de Ignorância que espalha com o vento.

Abraçar um projeto como esse é uma briga pesada e desleal, descomedida.
Mas é este projeto que servirá, num breve futuro, para se traçar o perfil real e produtivo da música nova em Minas Gerais e BH. Dissociar quem é competente de quem é oportunista. Quem quer palco para exibição pública, de quem quer platéia para promoção da arte. Quem é homem, de quem é moleque. Quem é banda e quem é bando. Quem tem talento, de quem nem tem coragem de tê-lo. Quem é independente, de quem precisa terceirizar a hombridade da sua palavra, ou a falta dela.

No início da última semana do Festival III BH Indie Music, meu corpo pediu socorro em solicitação urgente da minha cabeça que queimou em 38,7°.

FODA-SE. FODA-SE. FODA-SE - não sai da cabeça, um minuto sequer. E se fosse dona do umbigo do universo, inventaria uma boa verdade que convenceria a todos da minha falta de coragem e desistência.

Mas chegamos. Até o fim.

Narro agora a Quinta Semana do III BH Indie Music, de 07 a 11 de outubro.
Nos próximos dias, farei um balanço final do Festival.

QUARTA-FEIRA NA OBRA

São Pedro avisa que acordou mais cedo, este ano.
Estamos acostumados com grandes torós, à partir de novembro, mas, como diz minha avó, o tempo está ficando louco.

Às 19:30h começa uma chuva que arrasta árvores, telhados, antenas e até gente. A enxurrada dura até às 21 horas, quando consigo sair de casa.

Vou subindo a Afonso Pena como numa fase 2 de videogame, pulando galhos, telhas, tocos... chego à Obra.

Estão todos lá: Outisides, Alethárgika, menos Quase Coadjuvante e o segurança da casa. Sem ele, o homem responsável pela portaria, seria impossível a casa abrir.
Mas ele chega, atrasado, se desculpando e diz que a chuva não o deixou sair a tempo. Com o que pude presenciar da janela do 18.° andar do meu prédio, daria-lhe a razão, sem mais perguntas.
Entramos e começamos o show da Outsides.

Primeira música, platéia de amigos, palmas. Chega Quase Coadjuvante.
Segunda música, chove um pouquinho lá fora, o registro de pedal da banda que simula volão na guitarra não funciona muito bem. Chave clean na guitarra. Primeiro compasso, segundo compasso, entra a voz.
CAI A ENERGIA ELÉTRICA GERAL!!!!



Em menos de 10 segundos, com os ventiladores desligados, no breu, salvos por lanternas de celulares, a casa cheia de gente (foda, né?), vira um forno irrespirável.
Todos são convidados a subir para a rua.
Na rua, tudo apagado, ninguém tem luz na região, não é privilégio do underground.

E naquele bololô de gente, na porta da Obra, esperamos.


Encontro uma conta de luz perdida na minha mochila, ligo pra Cemig. A ligação dura 15 minutos, mais 30 e os caminhões estão na área resolvendo o problema.
O público dispersa, ficam as bandas.
A Outsides, aos 30 minutos de espera, vai embora.
Fica Alethárgika e Quase Coadjuvante.

À meia-noite e meia, resolveríamos se cancelaríamos os shows. Resolvemos bater em retirada, na hora combinada.
Às 00:42h a luz voltou, mas era tarde, estávamos sozinhos na Obra e o público que teve coragem de sair depois do temporal do começo da noite, pra prestigiar o festival, já estava em casa, embaixo dos edredons - era mais que justo.

A reposição da grade desta quarta-feira sem energia, foi reposta e será no dia 21/10, na Saideira do III BH Indie Music.
A Outsides não toca nessa grade, mas entra no programa Simples (primeiro show da banda na Obra, também).


QUINTA-FEIRA NO MATRIZ

Mais um capítulo da novela de grande audiência, neste festival: "A história dos que não foram".

Há quase dois meses, o Cães do Cerrado, depois de fechada a agenda do festival com programa impresso e tudo, me pergunta se não seria prudente cancelar o show deles porque haviam fechado data na Obra, no dia seguinte (uma sexta-feira, com mais apelo de público pro som dos caras).

Disse à banda que seria impossível, porque já estávamos com a agenda fechada. No mais, teríamos a banda Ossos do Banquete, de Betim, com integrantes interados no cenário independente de MG e que não seria elegante deixá-los na mão.

Malibu, quem responde os e-mails da banda Cães do Cerrado, já tá bem escolado na minha capacidade de discutir trabalho, bem diferente do meu temperamento na amizade e não se incomoda com meu jeito sério e durão.
Dá, dá, não dá, não dá. E tudo é compreendido dentro dos limites possíveis das negociações e organização da coisa toda.

No mais, - um parágrafo adicional para Cães do Cerrado - eu posso julgar o trabalho da banda porque a acompanho desde que começaram a pisar sério nos palcos, nos idos de 2008, já no II BH Indie Music.
Vejo o Blog deles, sempre que posso. As fotos de viagem das estradas que estão ganhando. Os palcos conquistados, a formação final da banda, a história toda deste último ano de Cães que dá muitas páginas...
São povo ralador que come poeira, anda, não fica parado.
São enturmados, não fazem turminhas.

Resumindo, um histórico, até aqui, de responsa.

Chego no Matriz e a banda está lá, completa, esperando.
Seriam a terceira banda da noite e já estavam lá. Postura independente profissional.

Mas e as outras bandas?
Ossos do Banquete, nada. Del Ares, de Divinópolis, nada. RAM, nada.
Del Ares, ainda que não tenham dado nem notícia sobre a ausência, tinham estrada pra pegar numa quinta-feira chuvosa. Mas e os caras daqui?

Espero.
Chega o guitarrista da RAM.

Nos capítulos anteriores...

Recebi um e-mail da banda RAM pedindo o cancelamento deste show, uma semana antes. O guitarrista teria uma viagem à trabalho e estaria ausente no dia. Lembrei a eles das regras. Que se cancelássemos esse show, o RAM estaria fora do BH Indie Music, por 2 anos.
Se viraram, acho, e confirmaram o show.
O guitarrista, com compromisso de viagem às 6 da manhã de sexta, estava lá. Mas e o resto da banda?

Combino com Cães do Cerrado para subirem ao palco.


Para mais ou menos 6 pessoas, a banda faz show como que em platéia de duas mil.
Não rasgo seda. É fato. Seriedade e profissionalismo é doutorado pra artista.

Ainda fico na parte de fora do Matriz, atenta ao celular que não pega lá dentro, por alguma notícia das bandas.
Nada.
Peço ao guitarrista da RAM para ligar pro povo e avisar que o show da Cães do Cerrado, terminando, é a RAM quem entra. Ele disse que não conseguia falar com a banda, mas que eles estavam chegando.

A Cães do Cerrado termina o show. Ficam por uns 40 minutos ainda no camarim, desmotam o palco sem pressa ou atropelo, conversamos um pouco lá dentro e, passada quase uma hora do fim do show, resolvemos, eu e Edmundo, findar a noite, dispensar os funcionários da casa e fechar. Claro, era o mais prudente pro espaço.

Da banda RAM, só o guitarrista estava no local.

O chamo e explico que é inviável que as bandas cheguem na hora do show, porque imprevistos acontecem e, se acontecem, as bandas devem estar no local com antecedência.
Perguntei se fosse no Camping Rock, se a banda iria chegar na previsão do show?
Os argumentos do tipo: "Mas o show tava marcado pra tal hora..." Dão preguiça.

A cena era desconexa... O único cara que tinha compromisso às 6 da manhã do dia seguinte, estava lá.
Depois que expliquei que estava repassando a informação pro único cara da banda que não estava infringindo nada, ele confessa:
Tava rolando um coquetel de lançamento do livro de um dos integrantes da banda, com birita de graça. Mas ia rolar até às 22:30h e ele também não entendia o atraso.

Putz! Dizer mais nada...

A casa esvaziando, todos foram embora, quando, quase 1 da manhã, eis que surge a banda na portaria do Matriz.
Tsi, tsi, tsi, tsi, tsi...

Nem vou narrar detalhes a seguir. Disse que leria o Edital pra ver se aquela circunstância seria representada em alguma cláusula de infração.

Para o Edital 2010, tanta coisa vai mudar...

Minhas desculpas à Cães do Cerrado. Mereciam uma grade à altura da banda.

Mais bandas estão fora do BH Indie Music por dois anos - Ossos do Banquete. É lamentável, mais uma aposta perdida.

SEXTA-FEIRA NO MOTOROCK

Nesta semana, pude ficar exclusivamente no Motorock. Não tínhamos Nafta.

Cheguei e o Marco, já no local disse que estavam todos lá. Gametas, do Rio de Janeiro, chegou de viagem, passou pelo local, e foi procurar vaga em hotel.

Entrei e falei com Bonança e US Mula Preta.
Combinamos os horários dos shows e voltei a portaria.

Lá, já estava o Bruno do Lavage, de Fortaleza. Iam tocar no sábado, mas chegaram dias antes pra terem mais tempo na cidade.

Conversamos bastante e espero o Gametas chegar. Fico preocupada pelo cansaço da banda e pela busca de hospedagem em cima da hora.

O Gametas foi uma das primeiras bandas a se inscreverem no III BH Indie Music. A primeirona, foi Maquiladora.

Não consigo ouvir todo o material que chega por e-mail. Organizamos da seguinte forma: salvamos todas as fotos num disco só e todas as músicas, idem. Depois, nos arquivos, posto, uma a uma, as músicas na web para criar um aplicativo de player. É aí que começo a ouvir o que chega para o festival.
As fotos, pelo gmail, já são visíveis no corpo do e-mail.

O visual exagerado da banda, me chama muito a atenção. Quando ouço as duas MP3's enviadas, bingo! Mato a charada. A banda era puro glam escracho.

Pensei que o material fotográfico fora feito por encomenda - aquelas correntes, cabelos ao vento, olhos maquiados...

Não via a hora desta banda chegar...

Pouco tempo depois, estaciona um Uno vermelho. De dentro dele, saem as figuras mais extravagantes já vistas dentro de um fiat - era Gametas.

Bom, estavam todos lá - Gametas, vindos do Rio, Bonaça de Juíz de Fora e US Mula Preta, de casa.

Começam os shows...


US Mula Preta fazem a última participação do festival.
Nos 42 dias do III BH Indie Music, muitas coisas aconteceram na história dUS Mula. E toda a pressão foi percebida como incentivo e respeito. Carinho e admiração.
A banda quase não tocou no primeiro show, no Stone, subiu na Obra com outro guitarrista e estava no Motorock, quebrando tudo com o rock'n'roll que tinha.
Valeu US Mula Preta, pela participação no III BH Indie Music.

Só lamento de Gametas não ter chegado a tempo do show de vocês...

Agora, é a vez de Bonança...


Foram muitos e-mails de solicitação da banda para troca de espaço para a sua apresentação.
À princípio, no começo das agendas, tínhamos o Nafta pra esta data, que fora fechado com meses de antecedência.
Na resposta final do Nafta, duas datas foram canceladas. As bandas já agendadas foram remanejadas e o Motorock começava a receber uma programação mais variada entre rock, soft e bossa-rock.

Foram quase dois meses acalmando Bonança, via e-mail...

O show correu tranqüilo e a banda logo se enturmou ao espaço. Contei-lhes que eles não estavam mais ansiosos que a banda Malc (DF) - a primeira a se apresentar na casa em setembro.
O Vinícius (teclado) riu e foram pro quarto em chamas. E tudo ficou suave e manso, ao som de Bonança.

Ao final, confessa que foi mais fácil que pensavam.

Música boa tem que estar em todo o lugar.

É a vez e hora de Gametas...


Com direito a logo e tudo no bumbo.

A banda é quarteto... aquelas histórias...
Chega na hora de viajar, rachar a gasosa, aí aparecem os espertos da banda que querem ganhar um dia sem gastar nada hoje. Nem saliva, nem sapato.

A Gametas se virou e o segundo guitarra, passa pro baixo.
Me disseram que ele é o geniozinho, maestro rock da banda - toca qualquer instrumento.

Visto o que vi, acreditei na história, imediatamente.
Mas Iuri tava louco pra solar e sentia a coceira na mão direita dele a cada escala no baixo.
Termina a noite no Motorock.
No balcão, Bruno e Rafael (Lavage). No copo, cachaça. Disseram que era pinga do Ceará. Não acreditei não. Dei boa noite a eles e fui embora, depois de mais um trabalho cumprido.
Eles, depois contaram que rodaram até o último boteco.

Serão os guias de BH em 2010.


SÁBADO NO MATRIZ

Quando encerramos as inscrições para o III BH Indie Music, bandas de diversos coletivos mineiros não tinham completado as inscrições. Mandaram uma coisa e faltou outra.

Entrei em contato com todos os Coletivos sabidos das cidades de Montes Claros, Uberaba, Uberlândia, Belo Horizonte, Vespasiano, Ribeirão das Neves, Sabará, Divinópolis e Patos de Minas.
Eu disse que era do nosso interesse interagir com as bandas dos coletivos. Que visto o início do processo de inscrição, era provado o interesse destas bandas participarem. Mas que entendia que as bandas envolvidas em movimentos da cena, estavam tendo pouco ou nenhum tempo pra suas próprias bandas, vendo meu próprio exemplo nisso.

Propus que fizéssemos um Palco Coletivo, numa grade específica que pudesse aglutinar as bandas de coletivos de Minas no palco.
Dei um prazo para a resposta e agendei uma data no Matriz, num sábado de dia e de noite para trazermos até 15 bandas.

A proposta não vingou. Uma hora um coletivo vinha, outra, não. Numa hora era congresso no Acre, outra festival em Uberlândia, outra, festival aqui, acolá...
As agendas do Fora-do-Eixo tiravam todo o foco do III BH Indie Music.
Mudei 3 vezes as datas e ao final, a primeira data sugerida era a ideal pra todos. Mas já não era mais possível. Tinha devolvido a data ao Matriz, há semanas.

Propus que esquecêssemos da idéia e eu convidaria algumas bandas para datas específicas. Pedi que em 2010, já sabendo do período fixo do festival, que os envolvidos na cena independente se colocassem mais participativos com o festival da sua própria casa e guardassem agenda prioritária a ele, como guardam pro Conexão Vivo, que de indie, só mesmo indiestyle.

Na participação do Coletivo Vatos, ficou Manolos Funk com o Lapa Multshow.
Na participação do Coletivo Anti-Herói, não veio Aura.
Na participação do Coletivo Retomada, veio Locus.
Na participação do Coletivo Semifusa, vieram Madrasta e a indicação e inscrição de Cidadão Comum.

Juntamos os Coletivos Retomada e Semifusa para uma tarde no Matriz, com bandas de Juíz de Fora, Brasília e São Paulo, além da Studio Zero, de BH.

As grades foram montadas e a banda Madrasta estava escalada para começar.
Na madrugada de sexta para sábado, abro um e-mail do Madrasta pedindo alteração de horário. Respondo, às 3 da manhã que era impossível resolver naquele momento.

Às 14:50h a Madrasta estava completa. Vamos montar o palco.
Os atrasos já começavam com a abertura do espaço às 14h e a chegada do técnico às 14:30h.

Havia me comunicado com Madeleine K e os esperava a qualquer momento. Vitrine não tinha dado nenhum sinal de contato desde dos agendamentos. Das outras bandas que tocariam no dia, ninguém chegava.

A banda Studio Zero, estava escalada para a segunda apresentação. A banda se auto-agendou e vendeu 30 ingressos combinando a chegada do público às 18 horas. Coisas lindas da vida...

Locus chega e os agendo com a segunda banda.
Ligo pro Rodolfo (Semifusa) e pergunto se ele vem, que horas chega e se tem sinal do Cidadão Comum.
Ele responde que está vindo e que o Cidadão Comum pode chegar à qualquer momento.

A Madrasta termina a passagem. Peço que esperem mais uns 20 minutos porque não tem ninguém na casa para vê-los.

Peço o atraso ao Edmundo e digo que provavelmente teremos uma banda a menos.

Chega na portaria, Vitrine (DF). Ufa...
... epa!
Corro e peço que Madrasta dê start.


Eu não vejo os shows. Estou na banca de discos, do lado de fora. No corre atrás das bandas...

Chega Rodolfo (Semifusa) e Cidadão Comum, logo a seguir.

O telefone toca. Madeleine K estava em BH. Perdida. Passo as coordenadas e, na minha correria, esqueço de avisar de que lado devem entrar na Olegário Maciel. Claro que pegam o oposto e vão parar quase na rodoviária.
Uma hora depois, conseguem chegar. Exaustos e putos comigo, com o engenheiro que construiu a cidade... mas de boa.

Locus já está no palco.


E eu no corre...

Tento conciliar o camarim pra todos. Os primeiros conseguem espaço. Os últimos não. Mas lá no Matriz é normal equipamento pelo salão.

Não tenho, naquela tarde, muita interação com o técnico de som.
Já tinha perdido, há uns meses a minha paciência com a sua ignorância pitbullesca.
Pedi que ele não mais discutisse ou agredisse verbalmente as bandas do BH Indie Music. Cansei de lhe dizer que não se regula PA em headphone e que vocal é instrumento também.
Exigi respeito no berro, numa tarde de Seletivas, quando ele, na frente das bandas, riu da minha cara porque lhe pedi pé direito (bumbo) no monitor do vocal. Ficou duas horas gritando que pé direito pra ele é altura de parede e nada de regular a mesa.
Nunca precisei esfregar meu currículo na cara de ninguém, mas esfreguei na dele. Disse que tudo que eu sabia tinha aprendido com gente muito mais experiente que ele e que ele tivesse humildade para apreender mais.
Que ele não era contratado pelo Projeto Matriz do BH Indie Music por falta de grana e porque ele era o culpado pelo som horrível que afastava o público do local.
Há dois meses não via o sujeito por lá, arrumou outra casa pra operar... Mas tinha sido demitido, naquela semana, pelos mesmos motivos que lhe chamei sua atenção - desrespeito com as bandas do palco. Azar nosso naquela tarde...

Não poderia pedir nenhuma equalização à ele, porque talvez só atrapalhasse ainda mais aquelas bandas. Mas subi ao palco pra agilizar as montagens, estavamos atrasando o cronograma.

As bandas de fora, São Paulo, Juíz de Fora e Brasília, perguntei sobre a duração do set list. Me dando 30 minutos de show pra cada banda, vou "empurrando", uma a uma, pro palco.


Vitrine...

Bonança...

Estávamos à beira do colapso de tempo. Eram mais de sete horas e Madeleine K sobe. Ainda faltava Cidadão Comum e Studio Zero.

Madeleine K não teve foto no Matriz. Eu estava apagando incêndio e o Marco estava correndo pro Hollywood.

Falo com o Edmundo e peço mais um tempo pra fechar.
Ele apavora e diz que o Coletivo Pegada tinha fechado às 20H para imersão na casa, na festa que rolaria mais tarde.

Falo que tenho Studio Zero com 30 pessoas na casa. Como procedo? Devolução de ingressos? Ele autoriza devolução de ingressos ou cortesia pro próximo show da banda. Mas não tenho outro show da banda. Poderia espremer grade dos próximos, ou dar-lhes um show na Festa de Encerramento.

Passo seguinte: falar com a banda Studio Zero para resolver o impasse de agenda, cancelamento e devolução de ingressos.
Não tinha mais o que fazer. Eu deveria cancelar 02 shows. Na história de quase 400 shows realizados aquilo era inédito.

A banda Studio Zero me cerca e todos estão furiosos. Não querem outra data. Eu digo que não tenho outra moeda de troca que a agenda, pra aquela situação.

Resolvido, após 10 minutos, o impasse. Devolução de ingressos.
Peço licença à Studio Zero para falar com Cidadão Comum, outra banda prejudicada com o cronograma, que está no camarim.

Vou até lá e chamo Rodolfo. Explico a ele o que está acontecendo. Ele pergunta se não rola outra alternativa. Peço que me acompanhe até o camarim, como representante do Coletivo Semifusa.

Chego no camarim e explico a situação. Discutimos variáveis: "será que o Coletivo Pegada cede 30 minutos do tempo deles?". Digo que eu não posso pedir. Prejudicaria o Edmundo e o contrato dele com o Pegada. Mas se o Rodolfo pudesse pedir como um dos membros do circuito Fora-do-Eixo, me isentaria de qualque prejuízo ao Matriz pelo contrato firmado. Afinal, a apresentação a seguir era da banda do Coletivo Semifusa.

O Rodolfo vai negociar 30 minutos a mais. Recebe um não.
Volto e explico que a última tentativa nossa de resolução não poderia ser realizada. Não tínhamos a casa. Não tínhamos mais o palco. Nem eu mandava mais em nada, depois das 20 horas, no Matriz.

Em outras situações, com outras pessoas que trabalham em eventos lá no Matriz, até tenho mais flexibilidade. Já comecei evento mais tarde, com 5 bandas e equipamentos esperando do lado de fora, por atraso do evento anterior. Quando temos o poder do sim e do não, podemos ser flexíveis, ou não. O direito às vezes é apolítico.

A banda Cidadão Comum disse que foi desrespeitada, que desperdiçou tempo indo pra lá, que a organização era incompetente...
Rebatendo às criticas, disse-lhes que os respeitava, acima de tudo. Que lamentava o que estava acontecendo. Que daria, como já o fiz inúmeras vezes, o meu horário de show se a Junkbox estivesse na grade. Que também sou de banda, que ralo e que sou a engole sapo da cena e não produtora de eventos. Tento explicar que não sou produtora no BH Indie Music, mas que organizo o projeto. E que não perderam tempo, não vieram à toa. Conheceram bandas de longe e gente legal de banda.

Estavam abominando o BH Indie Music. Não quiseram outra data, outro show, nada.

Foi, sem dúvida, a situação mais difícil de segurar. Sem cordialidade, sem espaço de ação.
Assumi todas as culpas, todas. Há momentos em que não compensa, não ajuda, nem modifica qualquer quadro de conflito, distribuir as culpas. Quem atrasou pra abrir a casa, que banda demorou mais pra montar o palco, quem extrapolou os 40 minutos, quem chegou tarde pro show, quem trouxe o público no final da noite... Assumi as mea e as duas meias culpas. Todas. É mais rápido.

Vou ao microfone, explico a situação aos presentes, me desculpo e apresento-lhes as alternativas de troca de ingresso na bilheteria. A casa vai esvaziando.
Guardei os discos da banca, fechei o prejuízo da casa, carreguei a bolsa pesada pro escritório do Edmundo e só pedi licença pra poder chegar com o peso no seu lugar de descanso quando o corredor estava congestionado pelo grupo que assumia a casa.

Antes de sair, o segurança me chama. Explica que uma banda deixou uma cartela de consumo para eu pagar. Era o Cidadão Comum.
- Malu, um dos caras deixou a cartela aqui e disse que como não tinham tocado, que você que pagasse o consumo dele.

Eu não tinha aquele dinheiro e pendurei. Só tinha o dinheiro da água que tinha tomado lá. Paguei depois todas as cervejas do camarada que a banda nos obrigou deixar entrar de graça pra uma participação especial com eles no palco. A grande participação do sujeito foi o calote final - que grande talento.

Fui pro Hollywood decepcionada comigo por não ter tido uma brilhante idéia que resolvesse os problemas todos que tivemos até ali. Por ter deixado duas bandas descontentes.

NO HOLLYWOOD

No Hollywood estávamos fazendo a última noite do III BH Indie Music.
Os irmãos Pertence (Daniel e Diogo) estavam comigo, em parceria e amizade me dando as caronas necessárias.

Assim que cheguei na casa, todas as bandas já estavam lá. O pessoal da casa me avisa que o técnico de som não veio e que era pra eu cuidar da mesa.
Inviável! Tinha Stonehenge também. Não podia ficar lá.

Regulo o som pra banda Cor de Fubá entrar.
Aviso às bandas Monograma e Vento Terral (SP) o que está acontecendo, como funciona a regulagem da mesa e se podem ajudar uma à outra, na minha ausência. Fechado.

A casa está cheia. Monograma e Cor de Fubá trabalharam em excelência junto ao público.

O Hollywood, não esperando esse sucesso, corre pra comprar cerveja, não tem funcionários no balcão e mais se apavora que se contenta com o resultado de público naquela noite.
Mas eu estou em paz. Fechamos em estilo de qualidade musical e quantidade de público pras bandas de lá.


Cor de Fubá.
A banda é de Ouro Preto e o som (ouvi duas ou três canções) é sensacional.
Instrumental muito bem elaborado. Um quê de mato, de roça, de simpliciade, num emaranhado complexo de harmonias e arranjos ricos em sons e tons.


Depois entra Vento Terral, de São Paulo.
Já não estou mais na casa.
O som foi operado por Guilherme, da Monograma, além do Cido da Utopia que estava lá em participação especial para uma segunda guitarra na banda.
Muito obrigada, meninos.


Monograma encerra a noite, em festa por todas as conquistas da banda em 2009.
Parabéns à vocês pela trilha que estão seguindo.
Os acompanho por aqui e aplaudo, todos os dias.

NO STONEHENGE

Chego ao Stone.
A noite teria mais uma dobradinha de uma banda cover agendada pela casa. Desta vez, seriam os meninos do Pearl Jam Cover. Fariam um acústico do lado de fora, à beira da piscina.

A organização pedia cuidado para que os shows do BH Indie Music não fossem prejudicados quanto ao horário e que não se confrontassem num mesmo momento o show de fora, e os de dentro do quartinho.

Os equipamentos também seriam divididos e não podíamos passar o som lá dentro, já que os microfones de voz e bumbo estavam cedidos para o palco lá fora.

Montamos a bateria e deixamos os instrumentos à mão para que, com a chegada dos microfones, pudéssemos dar um start aos shows sem grandes atrasos.

A seguir, imagens de Marcus Ganndu, nosso fotógrafo sk8 de plantão.


Gametas assume o palco mais rocker do III BH Indie Music e detona tudo.
Abre a noite do Stone com a responsa de provar que a cena nacional tava ali presente a fim de destruir tudo, no bom estilo rock'n'roll.
E começamos muito bem com a escolha do Rio de Janeiro pra abrir.


O Encore Break, de São Paulo, já reunia a galera no quartinho.
Convidados especiais, a banda Madeleine K estava por lá, pra conhecer a casa, a noite de BH e rever os amigos da Encore Break.


Lavage, enfim, no palco.
Depois de um bom rolê em BH como turista cearense, Bruno assume o palco mineiro, como artista.
E rapaiz!!!
Mandam o recado do semi-árido.


E chega a hora de Sufoco se apresentar.
A banda de Maria Martins retorna aos palcos do III BH Indie Music, depois da passagem em 2008.
No ano passado, pouco tocaram de suas músicas autorais.
Neste ano, o show foi curto.
E fazendo jus ao nome, num sufoco de tirar o fôlego, se fizeram presentes este ano, ficando em casa de amigo de parente, pegando ônibus pra lá e pra cá, chegaram.
Com pouca mão pra muito peso, o pedal de bumbo foi cedido, gentilmente por Rafael da Gametas que guarda suas pequenas peças numa linda bolsa rosa.

Termina a noite no Stonehenge.

Volto pra casa e não espero o último cliente para encerrar a conta, porque no dia seguinte, teríamos mais dois períodos de shows. Um no Conservatório, outro no Matriz.

DOMINGO NO CONSERVATÓRIO

Naquele domingo, duas bandas de BH estariam presentes: uma era Simples, escalada para cobrir a falta de Cinzel (explico o motivo da falta da banda em segundos...) e a outra era Kabalah.

Cinzel, a banda carioca que estivera presente no II BH Indie Music, foi chamada por mim.
Eles estavam sem muita grana pra viagens, mas, no começo do processo de produção logística, disse-lhes para se inscreverem que, na facilidade de conseguirmos aqui descontos bacanas pra hospedagem e alimentação, iria priorizar umas cortesias de diárias e almoços/jantares, às bandas que viessem pelo segundo ano consecutivo ao festival.
Esta é uma regra que, na sua possibilidade, deve se manter como mais justa, nos próximos anos. Priorizarmos facilidades e ajuda às bandas de fora que já investiram anteriormente no festival e abrir, nas mesmas condições que eles enfrentaram nos primeiros anos, a possibilidade de novas bandas participarem do projeto.

Contudo, não consegui para nenhuma banda, hospedagem e alimentação de graça.
Sem grana, Cinzel se colocou preocupada pela sua desistência.
Como havíamos pensado juntos na participação da banda se em condições de facilidades na permuta de serviços logísticos ao projeto, neste ano, não quis arriscar que estes custos fossem bancados e esperados em bilheterias da banda.
Através de todos os e-mails de negociações da participação de Cinzel no III BH Indie Music, faz-se comprovada que a desistência da banda não se aplica às regras do Edital, como as demais. O BH Indie Music decidiu em retirar a participação de Cinzel que acatou a decisão como a mais sensata para o momento da banda.

Kabalah, uma das bandas selecionadas pelas pré-Seletivas do BH Indie Music, no começo deste ano, avisa que não poderá participar do show, na sexta-feira.
Bom, neste caso, as regras se aplicam. Kabalah está excluída dos projetos do BH Indie Music nos próximos 2 anos.

Começam os shows do Conservatório, priorizando quem pega a estrada primeiro.


A banda de Brasília, Vitrine se apresenta.
Na platéia as bandas paulistanas Encore Break e Madeleine K estão atentas e empolgadas com o som do planalto central.
Já começa a rolar a interação...

E o palco do Conservatório, de conservador, nada se parece.


Então, sobe Encore Break.
Uma batida de peso, um vocal barítono em inglês. Um guitarrista colorido. Uma banda boa.

Amigos da mesma cidade, Sorocaba, Encore Break chama Madeleine K e Sidan e Bea sobem ao palco para cantarem juntos.

O palco treme. Se estabelece uma parceria que se não fosse inédita, pareceria ensaiada.

E quando tudo parece caos, daqueles que só o rock'n'roll e sua jovialidade podem causar, ainda tem mais algumas surpresas por vir...

Mark, da banda Vitrine, está pulando em êxtase na frente do palco. Nas mãos uma long nek. Em transe, ele vira a garrafa garganta abaixo e num ato de rebeldia rocker, lança uma chuva de cevada e álcool em cima do palco e de quem estava nele.

Eu vejo a cena em pânico...

E Mark repete. Desta vez, a chuva de cuspe e cerveja é mais grossa e mais contínua.

A banda continua tocando em fúria, num rítimo perfeito para a chuva que molhava amplificadores, bateria, gente e a parede pintadinha do Conservatório.

Eu, me sentindo uma velha cocó, horrorizada com aquilo que acontecia numa velocidade de ação que me paralizava.
Aquela cena seria perfeita em muitos outros espaços, mas no Conservatório era um desastre.

Com o último toque na caixa, a música termina e a performance de Mark, também. Ele se senta numa mesa atrás de mim e eu, como uma tia cocó, dou-lhe uma bronca...
- Não faça mais isso!

A vez de Madeleine K.


Molhados de cerveja, assumiram o cenário caótico.
Bea puxa o pedestal do microfone pra área da platéia e mantém os 8 kilos do seu baixo com muito fôlego no meio do público.
Na platéia, só fica parada quem tem problema com volume e grunge rock.
Os alternas de plantão, adoram a performance.

Agora, um problema a ser resolvido.
Assim que a banda Simples chegou, Daniel, o baterista, estava arrazado com uma dor insuportável nas costas. Um mal jeito, colchão, volante, sei lá... nem ele sabia a procedência, nem o médico que o anestesiou com uma overdose de buscopan na veia.

O olhar dele estava para quem iria desmaiar à qualquer momento. E a banda já sabia que seria a última da grade.

Quando o show do Madeleine K estava no meio, fui ver como o Daniel estava se sentindo.
Ele me disse que estava bem e que estava na segunda dose de analgésicos com uma cartelinha de dorflex faltando três comprimidos, na mão.

Não era prudente deixar a Simples pro final.

Convenci a banda Vento Terral de mudarmos a grade. Justifiquei o motivo e prometi que o público não dispersaria. Como promessa não é contrato, a banda ficou preocupada, mas cedeu em cordialidade e humanismo.

Sobe a banda Simples.


E surpreende a platéia das bandas de fora, além do povo da casa.
Banda daqui, que sabe regular o palco, que canta bem, com boas letras, chama e muito a atenção do Conservatório.

A Simples já garantiu sua volta na casa.

Por efeito dos remédios e pelo medo de não dar conta do esforço físico que seu instrumento requer sempre, Daniel se superou e se manteve impecável, todo o tempo.

Parabéns Simples.


Por fim, encerrando o III BH Indie Music no Conservatório Music Bar, sobe Vento Terral, de São Paulo.

Num show redondo, perfeito, bem executado, tocado, interpretado que prende toda a platéia, não pela gentileza da banda Simples em ficar com todos os convidados presentes até o final da noite, mas pelo próprio talento da banda que manteve a atenção da platéia até o fim.

Terminamos muito bem a participação da casa Conservatório Music Bar no III BH Indie Music.
No final, me desculpo pelo acontecido (a chuva de cerveja) com a dona Eliana (proprietária do local).
- Malu, eu nem vi isso acontecer... - disse ela.
- Dona Eliana, não sabia se a senhora tinha presenciado ou não. Meu dever é me desculpar antes que a senhora saiba pelos funcionários e me veja omissa e desrespeitosa com o local.
Sinto muito não ter podido prever ou interromper o fato.

Me despedi de todos os amigos que fiz das bandas Madeleine K, Encore Break, Vento Terral e Vitrine e desejei-lhes o bom retorno.

Corro pro Matriz.

NO MATRIZ

A idéia era da banda Sufoco entrar primeiro, porque tinham passagem marcada para às 23:00h na rodoviária.

Mas a banda não estava no local.
Eu, a caminho do Conservatório ao Matriz, fazia falta no local. O Marco, não tomava providências imediatistas na minha ausência.
O Edmundo, ainda mantem o stress do dia anterior e já começa a noite prevendo que o desastre dos atrasos se repetia. Calma gente... vai dar tudo certo. Ontem foi ontem.

Começa o show com Luis Curinga.


Quando chego, a banda acaba de executar a última música do show.

Depois, chega Sufoco.


Na pressa, nem vejo a banda sair.
Fizeram um show bem curto, novamente, com três ou quatro músicas e voaram pra rodoviária.

Depois vem Gametas.


Último show em BH pelo festival.
Pudi dar-lhes os melhores palcos da cidade pro som deles. Em retribuição, o carinho deles e a amizade destes caras vão ficar pra sempre.
O espírito independente da Gametas é explícito e a música que criam não é nada oportunista. Não fazem o que fazem pelo sucesso rápido, mas pelo seu talento sincero. É nítido e pude ver.

Lavage se apresenta pela segunda vez em BH.


Enquanto tocam no palco, um vídeo da banda é apresentado nas TV's do Matriz.
Era um curta produzido com restos de materiais audiovisuais do primeiro videoclip da banda.
Fiquei de cara. A produção era muito boa e era nítido que ali tinha mais criatividade que capital.

No final, comento sobre o vídeo e minha impressão de custo baixo. Era isso mesmo. Dinheiro não é desculpa para qualidade. Aliás, arte se faz com matéria prima intelectual e mágica orçamentária.

Lavage representou o Ceará no III BH Indie Music e pela coragem de enfrentarem a estrada, merecem os maiores e melhores palcos de festivais do Nordeste, daqui pra frente.
Galera de Recife, Bahia, Fortaleza, principalmente, olho nestes caras. Eles não estão aqui pra brincadeira, não.
Vocês daí de cima: são produtores da cena independente de música ou são surdos?


Locus encerra a noite e a Quinta Semana do III BH Indie Music.
A banda de Montes Claros não rodou à toa os 800Km de ida e volta.

Mostrou seu som e sua capacidade de enfrentarem a estrada pras bandas de Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará.

Mostrou que estão na luta conosco, na cena independente de música e representaram, sozinhos, o Norte de Minas, neste festival.

Já se sentiam em casa, quando era hora de ir. E espero poder ajudar a construir uma teia que os traga de volta à BH com mais shows pelo caminho. Locus precisa de muitos palcos.
Galera de Brasília, eles estão quase tão perto de vocês, quanto de nós. Façam o convite.

Findamos a penúltima semana.
Ao final da maratona, uma reunião na casa quando já passava das 3 da manhã. Me perguntam se estou me esforçando o suficiente, se estou panfletando na rua, se estou sendo esforçada em pedir ajuda às bandas, se o povo do BH Indie Music, das bandas daqui, não podem fazer mais do que ensaios de luxo.
Desmorono e confesso: eu sou o BH Indie Music. Estou sozinha e faço tudo o que posso, tudo. Até de forma desrespeitosa comigo mesma.
Estava no limite físico, sem dormir, sem comer, sem tempo pra mim e pra minha vida pessoal.

Me desculpei pelas constrangedoras lágrimas que minavam e disse que a falta de dinheiro na execução de um projeto tão grande como este festival é empreitada inédita em qualquer lugar do planeta. Que muita coisa mudaria em 2010, porque sem dinheiro no próximo ano, seria uma grande irresponsabilidade mantê-lo. Que às bandas de BH que não compraram este projeto, não servem mais pra ele e que seriam desligadas.

E que se o BH Indie Music se comportasse no futuro como berço e recepção da cena de fora, paciência. Foi o que a cena local quis durante estes últimos 42 dias.

Salvo raras exceções já provadas, procuramos novos parceiros dignos deste trabalho. Gente de música que acredita neste projeto e que vê nele importância para sua própria música. Aos que querem palco fácil no dia e hora que querem tocar e que provaram isso nos últimos dias, sem nenhuma divulgação dos seus shows, nenhuma vontade de mostrar o que estava acontecendo embaixo do próprio nariz e com todas as más atitudes impregnadas em pose, tenham boa jornada sozinhos.

Meu esforço agradece. As casas que vocês deixaram vazias, também. As bandas que vocês mal prestigiaram darão razão à esta postura. E as bandas daqui que trabalharam em dobro pela ausência de vocês, também acham certa a providência.


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