quarta-feira, 30 de setembro de 2009

III BH INDIE MUSIC - RELATÓRIO DA TERCEIRA SEMANA

Mal começamos a terceira semana e as contas já nos levavam à metade do caminho a ser percorrido.
O festival tem duração de seis semanas e fico a pensar com meus botões: - "güento?"
Agüento, enquanto houver trema.

QUARTA-FEIRA

Toda a semana começa na Obra para o festival.
A minha começa na segunda, que emenda no domingo, que não acaba nunca.
Naquela quarta, a banda aguardada era a Tereza.
Junto com a banda US Mula Preta e Os Decréptos, fariam aquela quarta-feira raiar madrugada adentro em pleno meio de semana.

Chego esbaforida, sempre, porque fico até o último minuto respondendo aos e-mails que não páram de chegar e organizando os dois dias subseqüentes de cada semana.
Como venho fazendo o percurso das casas A Obra, Matriz, Motorock e Conservatório, à pé, corro em passo de paulista e me canso.

Chegando à Obra, a banda de Niterói já estava por lá. Já tinham passado o som com o Gil e pudemos conversar um pouco.
Os Decréptos passavam o som e US Mula Preta fariam o encerramento da noite.

Esperamos até às 23 horas, quase e começamos os shows.


Abrem Os Decréptos.
Era a segunda apresentação da banda na Obra e foi minha maior preocupação, dispor às bandas locais com poucas chances de agendamento no disputadíssimo local underground da cidade, poder alocá-las lá durante o período do festival.
As bandas de outras cidades não sentem o que nós aqui sentimos quando estamos na Obra.
Por mais descolado que seja o espaço, nos sentimos ansiosos, sempre naquele palco.
E a primeira banda da noite, sofre ainda mais essa pressão.

A platéia curtiu o show da banda e eles se sairam bem lá.

Então, a banda Tereza sobe ao palco da Obra.


E o palquinho da Obra vira tela de videoclip. Performance, atitude, presença, notas bem construídas, tudo o que nos dá vontade de olhar para quem toca.
Um hit atrás do outro e parecia que já tínhamos ouvido todas aquelas canções em alguma estação de rádio bacana, antes do apocalipse radiodifusivo.
Num momento hilário, uma polca para dançar e todos entram na viagem da banda.

No final da noite, US Mula Preta, sobem ao palco.
O Marco Antônio pediu descanso e foi embora antes dos registros fotográficos da banda.
Uma grande pena, porque, mal sabíamos, esta era a estréia d'US Mula Preta na Obra.
Num dos melhores shows já vistos por mim, desta banda, eles provaram que a casa era mesmo deles e fizeram bonito apresentando a cena independente local. Parabéns US Mula!

QUINTA-FEIRA
A última chance de se ver Tereza e a primeira aparição da Foil Empire e da Híbrida, no festival.
Chego ao Matriz e já estão todas as bandas lá.
Doravante, nossa representante local, abria os shows da noite.
À seguir, Tereza, Híbrida e Foil Empire.

Temos uma banca no Matriz, de discos das bandas que já passaram pelos festival e, a cada semana, o estoque aumenta.
Vendemos os discos para as bandas e não cobramos nada por isso.


Os shows começam em bom tempo.


Doravante abre o palco e a noite no Matriz.
A banda apresenta seu som alternativo para o público que os acompanha e para as bandas da noite, com muita categoria e com a confiança de quem está em casa.

Na última oportunidade de assistir à banda Tereza, músicos antenados e comprometidos com o festival estavam por lá, presentes. E pudemos dividir o espetáculo com mais pessoas.


Fico satisfeita quando vejo que o pessoal da casa vem até a platéia assistir ao show. Pessoas que trabalham com música de quinta a domingo, entusiasmadas com o que ouvem é coisa rara que gosto de perceber.

Valeu Tereza pela participação da banda no Festival. Todos aprendemos muito com vocês no palco.

Num acordo entre as bandas Foil Empire e Híbrida, combinam: hoje Foil Empire fecha e amanhã (Nafta) Híbrida abre.
Entra Híbrida.


A banda de Juíz de Fora é a primeira representação da cidade no Festival que ainda espera mais duas bandas de lá (Bonança e Radiocafé).

É perceptível a maneira com que estes mineiros constroem seu som já com pretensões no grande eixo.
Com rock e hard core, constroem uma maneira peculiar de performance sonora e visual. Parecem topar com qualquer tamanho de palco e não temem os grandes.
À galera hoje indie que sonha com o estrelato de amanhã, aprenda com estes caras, primeiro.

E, finalmente, Foil Empire.


A banda lança seu som grungeado, redondo, numa sujeira harmônica deliciosa pra quem viveu bem os anos 90.
Aquilo me lembrava o quê?

Após algumas canções, confessam: aquele era o primeiro show da banda.

Não, não acreditei... tudo aquilo era tesão de palco e estrada? era confiança no som que criavam? Se era, deu muito certo.
O Felipe teve um problema na guitarra que deve ter sido lançada para fora do avião, pelos funcionários da empresa Azul. O braço empenou e a afinação não prendia.
Tudo bem, o Gabriel sabia contar piadas...
E a noite ficou leve e enlaçada em camaradagem.
Doravante até o final, me deu confiança na continuação deste projeto.

Trocamos algumas palavras e agradeci pela presença deles até o final. Contei que me enchia o saco quando as bandas daqui, bocejando, falavam pra mim: - "Ei Malu, tenho que ir, amanhã tenho..." - pôxa, todos temos, alguma coisa amanhã, mas nada como o que temos hoje, a cada dia de festival.
Os meninos do Doravante me disseram que não ficaram por mim, mas pelas bandas, pelos contatos que fizeram e pelos sons que ouviram. Ponto pra eles.


SEXTA-FEIRA

Dois espaços aguardavam o festival, também nesta semana.
O Motorock faria os shows das bandas OFuska de Santa Luzia, Scott Tigger e Pronúncia de São Paulo.
As bandas paulistas chegavam à cidade. Então, dei um pulo lá para conhecê-las, antes. Minha noite seria no Nafta, a outra casa parceira.

Cheguei lá e falei um pouco com as bandas de fora. Expliquei minha ausência e apresentei o Marco Antônio à eles - ele cobriria minha falta no Motorock.

No Motorock, soube que correu tudo bem. A bilheteria, o público, o som das bandas.
Claro que adoraria estar presente em todos os espaços, mas não posso. Então, me organizo para poder acompanhar, ao menos, um show de cada banda. Em situações regulares, vejo até todos os shows da banda que vem para cá. Mas aos finais de semana, a agenda aperta, mesmo.

Estas são imagens dos shows do Motorock, feitas pelo Marco Antônio;


OFuska teve sua primeira aparição no projeto BH Indie Music e fez bonito. Levou a galera da cidade para prestigiá-los e incendiar o show.


Scott Tigger e suas duas guitarras, sem nenhum baixo.
Depois de ouví-los, dias depois, matei minha curiosidade. Falarei sobre o resultado do projeto sonoro desta banda, com entusiasmo.


A banda Pronúncia também chamou o público presente pro gargarejo.
A qualidade das bandas que estão chegando no Motorock, tem deixado o público e a casa muito satisfeitos.
E me perguntam sempre:
- Malu, onde você achou estes caras?
No cenário de música independente, respondo.

Saí de lá, antes que começassem os shows e fui pegar um ônibus pro Nafta.
Cheguei um pouco tarde no local, porque só lembro que sou míope de 2 graus e meio, quando vou pegar ônibus à noite. Perdi dois deles, até que comecei a esperá-los no meio da rua. Os ônibus reduziram a velocidade e pude enxergar as placas para poder parar o meu.

No Nafta, as bandas Simples e Palimp estavam ansiosas. Híbrida e Foil Empire, se sentindo em casa. Como combinaram, Híbrida abriria a noite.


E o pulso firme nos riffs, estava lá de novo.
Híbrida encerra sua temporada em Belo Horizonte pelo III BH Indie Music e se responsabiliza por antecipar o valor da cena de Juiz de Fora que chega ao festival.
Parabéns Híbrida, pelo trabalho e batalha. É só continuar...


Foil Empire é a segunda banda da noite.
E o público garante a estrada da banda, aplaudindo cada canção.
Desta vez, Gabriel não tinha muitas piadas, mas repetiu a do "Pai". Consegui entendê-la, desta vez, para reservar pro meu repertório.


Simples chega com marcação de palco e objetos em cena. Êita! A banda tá armando alguma grande novidade por aí...
Não é difícil enxergar o crescimento de um trabalho, de um projeto, quando vemos suas etapas sendo cumpridas: repertório, produção musical do show, produção artística, preocupação com estética plástica e visual, além de sonora, claro.
Também chegaram com disco pronto, saindo do forno...
Vai pra nossa loja, na próxima quinta, no Matriz.


Ninguém se deslocou dos seus lugares. A casa continua cheia e Palimp entra em cena.
A banda, que já tem uns 10 anos de estrada, já se viu por terminar algumas vezes. Parece, hoje, uma nova banda cheia de gás e pronta pra estrada.
O Felipe do Foil Empire resolve fazer participação especial e leva letra junto pra cantar com Palimp. Não ouvi muito sua voz, claro, ele não tinha um microfone pra ele, mas a dublagem que vi, estava perfeita.

Ao final, nos reunimos todos para um vídeo doc. Guardar imagens, mensagens e impressões, ainda quando frescas, vai nos ser muito útil, a todos. Quando nos sentirmos baqueados e sozinhos, sem entender direito porque fazemos música, rever estes vídeos vai nos trazer à razão e fazer nos sentirmos idiotas por tanto auto-questionamento careta.

Palimp reclamou sobre o único show agendado no festival. Disse que aquela era a casa pro Palimp. Escolhida à dedo, numa agenda espremida para poder encaixá-los lá. Mais que isso, quando eu estava programando as agendas, as bandas locais começavam a me apresentar impossibilidades de agendamento. Ficava difícil manobrar uma banda com duas ou três datas disponíveis. Foi o caso do Palimp, que sem muita agenda pro Festival, ficou com uma data apenas. Tivemos outros casos em que tive que re-apresentar o edital à banda, especificamente o parágrafo que dizia que os inscritos deveriam ter disponibilidade durante os 42 dias.
Depois de três tentativas de agendamento, tinha que dizer "bye banda" pra continuar o trabalho sem prejudicar a todos nós.

Bom, o sino toca no Nafta e, quando isso acontece, a casa tá irada com o horário. Pra quem nunca tocou lá ou passou do horário, o sino é um belengue pendurado na parede que levanta até vaca morta no pasto, quando o Thiago resolve fechar a casa.

SÁBADO

Pra quem achou as últimas narrativas dos sábados uma correria, este prometeu superar todos os recordes...

Já à tarde, começávamos 7 shows no Matriz com as bandas locais e Templaris de Itabira.
À noite, o Matriz continuava a programação do III BH Indie Music com PESO, também de Itabira, Dom-Azmute, de Ouro Branco, Scott Tigger e Maquiladora de São Paulo e Porta Pantográfica de BH.

Ainda na mesma noite, tínhamos Hollywood com Foil Empire em seu último show, Projeto Trator, chegando à BH e Maria Melodia, de Sete Lagoas.

No Stonehenge, também chegando à BH, Up Brothers de São Paulo e Kopos Sujos do Rio. No segundo show da noite, Pronúncia e fechando, Cosmocrunsh.

Me guiava pelo mapa de shows - aquela agenda completa que estamos distribuindo pela cidade.
Não era raro me perder e não fiz planos antecedentes, naquela situação, era melhor esperar o que viria e resolver na hora, porque tudo pode acontecer, de um minuto, para o outro.

Chego no Matriz às 14 horas e acompanho todos os shows do local.
Naquela tarde, das 7 bandas que se apresentariam, duas seriam escolhidas para a gravação de um single no Studio Hum. Vamos anunciar em breve quais bandas serão escolhidas.

Superegos, começa a tarde de shows. E a banda está ensaiando e muito, nos últimos meses. Se preparando com entusiasmo e responsabilidade para os palcos do Festival.

Na platéia, uma grande surpresa: as bandas Pronúncia, Foil Empire e Scott Tigger, reunidas no local. Um chance rara de interação que o festival agrega e propõe. Fico feliz quando fazem todos bom uso desta oportunidade.


The Flexionators mandou bem, também. Seus refrões foram citados e lembrados como a música "Minha Cueca Azul Calcinha".


Chega à banda Consciência Suburbana e seu punk77.
A banda chega com outro baixista, engatilhado. Vão-se os anéis, fica Gilmar.


Sobe D'Route.
A peculiaridade da banda está nas letras em japonês. Uma J-band.
Acontece que o vocalista não veio e ele é o único que domina a língua.
A banda chegou, contando que a estadia do vocal no Japão lhe rendeu, além de alguns dólares, uma gripe suína.
Como é recorrente a banguelês da banda - uma hora falta bateria, outra vocalista... tudo no dia do show - a bronca foi dada imediatamente.
O último show da banda pelo BH Indie Music será n'A Obra. Se mais um integrante faltar no próximo show, a D'Route deverá passar por mais uma fase de audição em 2010 para poder se inserir novamente ao projeto e ao festival IV BH Indie Music. Ninguém deve levar mais à sério sua banda que você mesmo, entendido?


Templaris se apresenta.
Na primeira música já vejo influências há muito por mim conhecidas.
Progressivo na lata.
Só me prendia a inspiração de Sagrado Coração da Terra, faixa a faixa.

Matei a charada. Os caras se influenciaram quando em 2001 toquei em Itabira com o Sagrado. É valioso saber que ensinamos coisas boas pras pessoas que nos conhecem. Já me candidatei a fazer participação especial no show dos caras qualquer dia desses e tá de pé. Só falta o convite.


Fecha a tarde no Matriz, a banda Os Agulhas.
"Eu odeio você" é foda de se ouvir.

Mas cadê a Alethárgika?
Já tinha cansado de esperar quando a segunda banda subiu ao palco.
Mas as meninas não são disso, repetia.
Ligar pra banda avisando que tem show, nem pensar.
Terminamos a grade do Matriz e vou resolver este problema mais tarde, no dia seguinte.

SÁBADO À NOITE

NO MATRIZ
Vou jantar alí por perto e volto ao Matriz às 20:30h. Estou me organizando para passar no Hollywood, depois para o Stonehenge, voltar ao Matriz, de novo e encerrar o Stonehenge.

Era cedo quando vejo o baixista do Porta Pantográfica chegando. Aviso que a banda vai encerrar a noite.
- Por quê? - ele pergunta indignado.
- Porque as bandas locais estão tocando primeiro, saindo e levando o público embora. As bandas de fora não podem ficar tocando sozinhas.
- E o que a gente tem a ver com isso?
Ah, nem acreditei naquele desaforo...
- Tudo! - disse - Vocês estão inseridos neste projeto e são responsáveis por ele também.
- Ah. - só porque não tinha outra resposta na ponta da língua. - Vou ligar pros caras que ele não estão sabendo disso e volto depois. É que hoje tenho um compromisso.
Eu, já em desaforo afinado:
- Seu compromisso hoje é com o III BH Indie Music. Paciência.

E desaparece pelo corredor do JK.

Hoje, as bandas nem ligam muito se forem escolhidas para abrir. Mas, para fechar...
Ninguém gosta. Digo pelos daqui. As bandas de fora até nem ligam.
Mas se é assim que o público das bandas locais vai descobrir a cena de música independente à qual pertencem seus amigos, familiares, que assim seja. Nada é feito pela organização deste projeto, que prejudique qualquer banda nele envolvida. Escolha de grades, espaços, número de apresentações, tudo é pensado em prol do coletivo e do crescimento e fortalecimento dos seus trabalhos.
Difícil acreditar?
Confira o número de acessos no seu myspace nos últimos meses, adesão de amigos no seu orkut, recados deixados por quem ouviu sua música, discos vendidos em BH, aparecimento de novos shows mensalmente, parcerias com outras bandas envolvidas no projeto...

Depois que começamos os trabalhos com o BH Indie Music, as bandas, antes tidas como esquisitas, fora dos padrões comerciais, começaram a adquirir respeito e público. Falo por Junkbox, também. Minha banda já não vê dificuldades em circular por aí.
Ficou mais fácil citar BH Indie Music e marcar agenda em casas que nunca tinham datas para a sua banda.
Com muita gente entrando em estúdio, os preços começaram a cair em concorrência e nós nos beneficiamos com isso.
Mais discos independentes em praça, facilitou às bandas oferecerem seus produtos sem muita explicação. O consumidor já sabe o que está adquirindo - disco de banda independente por R$5,00 ou R$10,00.
Muitas acreditam que seus talentos foram compreendidos tão somente pelos seus esforços, mas sem palco, estariam ainda nos home-studios, como bandas esquisitas.

Não cabe mais o ditado: "dá a mão, quer o braço." Invento um outro: "dá a mão e lhe retribui em tchauzinho".

Deixo com o Edmundo a grade de programação e vou pro Hollywood.

NO HOLLYWOOD
No Hollywwod o Fernando estava operando. Melhor assim porque achava que poderia encontrar a casa sem operação, depois da última semana. O Fernando é um cara bem legal e as bandas estariam em boas mãos.

Encontro as bandas que vão tocar lá: Foil Empire (seu último show em BH pelo festival), Projeto Trator, banda recém chegada e Maria Melodia.

O Projeto Trator estava preparando o palco. Iriam abrir. Foil Empire era a seqüencia e finalizando, Maria Melodia.

Já na passagem de som, entendo porque Projeto Trator. A dupla derruba qualquer coisa pela frente.

Cadê as imagens, Marco Antônio?
Ele quem garantiu a presença da organização na casa, naquela noite.
Por falar em fotos, vocês podem encontrar a cobertura do festival neste link.

Me despeço e explico o motivo da minha ausência às bandas e corro pra buscar um táxi.

A casa não tem recebido muito público, mesmo porque o Hollywood não está divulgando bem o projeto. As bandas daqui são as únicas responsáveis pelo surgimento de público nos dias de festival e os responsáveis já conversaram comigo, enquanto esperava o táxi pro Stonehenge, sobre mudanças de portaria.
Os próximos cronogramas técnicos falarão sobre isso.
O táxi chega.

NO STONEHENGE

Chego e encontro o Cosmocrunsh no palco.
Os meninos nem ligam muito quando falo sobre eles encerrarem, afinal, organização é organização.

Teríamos 4 bandas naquela noite. Ufa...
Comecei a preparar a enquete de equipamentos de bateria.
Cosmocrunsh não levou nada!!!! Galera local, fiquem atentos. As bandas de fora não tem trazido o peso das ferragens e se as bandas daqui não tiverem pra si e, até mesmo emprestar pros novos amigos, além de ficar feio, pode atrasar ou impossibilitar os shows...

Resolvido:
O Pronúncia emprestaria pro Kopos Sujus e o Up Brothers pro Cosmocrunsh.

Começa a montagem do Kopos Sujus e, com o kit montado, viria o Pronúncia, à seguir. Deixo o Ganndu fazendo a cobertura no local (as fotos serão postadas esta semana), me despeço das bandas, afino o andamento esperado com o técnico da casa (Tiago), resolvo com o Batman a locução dos shows para a galera da piscina e vou pro balcão fechar minha cartela pra sair do local.

Adivinhem quem encontro?
A Andreia do Maquiladora!!
- O que vocês estão fazendo aqui? O show de vocês é no Matriz...

A banda teve pau no PC e perdeu os e-mails dos últimos meses...
Resolvido o problema e desloco a Maquiladora pro Matriz, alí perto, graças à Deus.

Volto à pé pro Matriz.
Não é muito indicado esse traslado naquela região, mas morei 5 anos lá e conheço até os bandidos do local. Alías, paulistano não tem muito medo de ladrão...

NO MATRIZ

Dom-Azmute abriu e, por comentários, um show fantástico, fizeram os meninos.
Depois PESO. Cheguei no término do show deles e lamentei não assistir às primeiras bandas. Voltem logo pros projetos de 2009, após o festival.

Scott Tigger seria a próxima banda e Maquiladora, a banda que mais indiquei pro Matriz, o mês inteiro, já estava lá.
As meninas estavam cansadas, uma jornada que começou em Itabirito, mas estavam animadas pra começar.

Conversamos muito e me desculpei pela ausência do público. Disse-lhes que tinha estado em outras casas naquele dia e que o movimento geral estava fraco. O projeto de música no metrô esvaziou a cidade.

O Matriz estava com um público menor do que o esperado pra qualidade daqueles shows.
Uma banda local deveria, por obrigação, respeito e espírito coletivo, divulgar sua participação no festival, como o mais importante show da banda, naquele período.

Infelizmente, temos trombado com bandas locais armando shows numa mesma semana. Ou shows em semana seguinte num mesmo local. Reservam seu público para estes shows "especiais" e chegam com a viola no saco pro show do festival e nem divulgá-lo, divulgam, achando que vão encontrar uma centena de pessoas para aplaudí-los, só porque viram no jornal o nome da banda.

Estas bandas estão aquém de serem auto-suficientes no mercado independente de música, porque desconhecem suas regras e as aplicam em anulação de resultados.
Falta de experiência? O povo está dizendo que é mais que isso - é egocentrismo exacerbado. Eu acho que é burrice.
Galera, a inteligência neste mercado, deve estar desperta 24 horas por dia. Dormiu no ponto, perdeu.

O BH Indie Music é um projeto pra quem quer ajudar a construir este mercado e este espaço exclusivo em BH. Aos que só querem usufruir dele, naturalmente os eliminamos do grupo. Sem talento é impossível entrar no BH Indie Music. Sem responsabilidade é muito fácil sair dele.

A banda Porta Pantográfica, escalada para aquela noite não estava no local.

Me disseram, na casa, que não tinham aparecido, depois daquela conversa na porta com o baixista. Ele mesmo, não voltou depois.

Hum...

Me lembrei dum último show que fizemos com a banda em agosto. No final da noite, a Andreia rateia R$20,00 me dá R$10,00. Era um projeto especial que tinha organizado de última hora para cobrir um furo de uma banda com a agenda de sexta, da casa. Chamei 4 bandas e uma era a Porta Pantográfica.

Quando aquela nota passa pela grade do Matriz, aparecem muitos donos pra ela. Eram R$10,00 que não poderiam ser divididos por 4. Dos quais pelo meu trabalho, talvez me sobrassem R$2,00.
Eu peguei aquela nota que poderia me pagar a volta pra casa e dei à uma única banda, já que não pago minhas contas com esse trabalho.
A Porta Pantográfica agradeceu muitíssimo.

Uns acham mais que justo e estes, cheios de si mesmos, inflados em egos, são os do "tchauzinho".

Talento, todos nós temos. Todos os envolvidos no projeto e no festival. Respeito, poucos. Talento, sem o respeito mútuo é dispensável.

Pelo não cumprimento das regras do edital, a banda Porta Pantográfica está fora do projeto BH Indie Music e seus shows já foram cancelados pelo festival.

MADRUGADA DE DOMINGO

Ao final, na porta do Matriz, aparecem os meninos do Foil Empire. Despencaram do Hollywood, após os shows para verem Maquiladora.
Não chegaram à tempo e só puderam conferir a banda já com cases nas mãos, indo pro descanso merecido.
Voltaram com a espuma de uma estante de pratos que só pode ser do Maria Melodia e pra mais uma última despedida.

Volto pro Stonehenge, só mesmo para fechar a portaria da casa, mas Cosmocrunsh estava no palco tocando sua terceira música.

Pergunto sobre os shows ao Lucas (Studio Hum) e ele dá seu depoimento. Estou um bagaço. Fiz o trajeto à pé de novo. Minha reserva pessoal de grana, já acabou há duas semanas.

Vejo um rapaz conversando com o Tiago (técnico do local) o Tiago também acompanha os shows pelo lado de fora.

Eu me distancio o quanto posso do som, nos últimos dias, pra me precaver das enxaquecas sonoras. Quem acha que isso é lenda, me acompanhe num dia de 17 shows de rock.

Passaram uns 5 minutos que eu estava estátua na mesma posição, de frente pro aquário e o tal rapaz se vira e grita comigo:
- Ei, tem que anunciar a banda lá - e aponta pra piscina.
Eu aceno com a cabeça, que tá bom. Meu espírito zen prevalecendo...
Passam 2 minutos e o tal rapaz aumenta o tom e a rispidez:
- Ei, tem que anunciar a banda lá, pô - e aponta pra piscina com insistência enquanto grita comigo.
Meu espírito zen, desaparece.
- Pôrra! É a quarta música da banda, meu. Quem tá aí dentro, já tá lá. Só tá faltando você.

Na piscina, naquela hora, só quem não se aguentava em pé. Mais que isso, tenho toda a paciência com a ignorância alheia, estes dias. A insistência desta ignorância, é que não me permite dar margem à uma terceira tentativa do outro.

A banda estava cansada mas pôs pilha lá dentro. E a imagem deixada para todas as bandas que dividiram a noite com a Cosmocrunsh foi a de uma banda de gente bacana e de bom rock.

Só vocês, bandas, ganham com tudo isso. Aproveitem.

DOMINGO

Aquela enxaqueca temida, chegou.
Mais esperta, desta vez, tenho um bocado de Neuzas (neosaldina) em casa.
Tomei um comprimido, um banho e o telefone toca.

Era do Conservatório.
A mãe da mãe do Guilherme sofreu um AVC naquela manhã. A casa, gerenciada pela mãe do Guilherme, não poderia ser aberta. O Guilherme não estava na cidade e sua mãe no hospital, acompanhando sua avó.

Em 1 hora, cinco bandas estariam naquela porta esperando pra tocar. Que bom que tomei a Neuza antes do telefone tocar...

Parei pra pensar um pouco e lembrei do Motorock. Iria passar lá para o acerto de sexta, o que significava que a casa estaria aberta. O Motorock fica há 20 metros dali. Nada de adiantar boas notícias...
Peguei folhas em branco de sulfite e caneta pincel. Em qualquer dos casos, a portaria deveria ter explicações ao público.

Fui pro Conservatório. Passo a passo, analisava tudo, dia a dia, fazendo um relatório geral de todas as três primeiras semanas do festival. Me questionei sobre o acúmulo de tensões que transpirava naqueles dias, contaminando a paz de todos os que estavam mais próximos de mim. Sobre meu respeito pelas bandas todas. Os amigos que fazemos com o respeito e não com o tempo.
Me sentia envergonhada, porque até então, nada tinha saído fora do planejado. Tudo estava em perfeita organização, até aquela tarde de domingo.

Fui por outro caminho, porque não queria vislumbrar a cena na porta do estabelecimento há duas quadras de distância e só pude enxergar a dimensão do problema, ao dobrar a esquina.
Eram 22 artistas a minha espera. Todos já sabiam do ocorrido por um funcionário do local que também não conseguira entrar.

Sem saco na cabeça que pudesse esconder minha vergonha daquela situação, entrei no aglomerado de pessoas, artistas que conheço e prezo, artistas que conhecia há poucos dias e horas, gente amiga de estrada há um ano e anunciei o acontecido.
Pedi que esperassem até que conseguisse conversar no Motorock e que voltaria com mais informação e organização daquela situação.

Fui ao Motorock. Expliquei ao Fernando o que estava acontecendo e, sem muita espera, ele compreende e se prontifica a me ajudar. A nos ajudar.
Ele tinha um evento rolando lá que iria até às 19h.
- Malu, vamos tentar encaixar uma banda nesse evento e as outras a gente começa às 19 horas, tá ok pra você?
Só podia agradecer naquele momento. Estava mais que perfeito.
As bandas estavam lá pra tocar e iriam tocar - isso eu tinha certeza absoluta que faria.

Naquela programação vespertina do Motorock, estavam bandas que eu já conhecia de verões passados. Falei com a responsável pelo evento e este, muito preocupado com o andamento do seu próprio projeto, abre a exceção em respeito ao dono do estabelecimento.

Já sabia quem era a banda que iria tocar no meio daquela programação e volto à porta do Conservatório para re-organizar tudo.
Encontro Maquiladora com os equipamentos em mãos.
- Malu, achamos melhor pra não te atrapalhar mais, não tocar, pegar a estrada.
Claro que não deixei. Maquiladora era a banda escolhida para tocar p'raquelas 60 pessoas lá dentro.

Toparam. E acho que foi um segundo melhor show da banda que pude proporcionar à elas, em 2009.

Quando montam o palco, os meninos esnobam e acham que lá vinha mulher frouxa pro palco deles.
Pergunto se posso montar meus microfones pra elas e um dos meninos das bandas diz:
- Se trocar o equipamento, vai ter que deixar as outras bandas usarem.
Meu espírito zen já tinha ido embora desde a neusaldina...
- Depende. O equipamento é meu e empresto pra quem eu quiser. - ponto.
Ele viu que foi grosseiro e me pediu desculpas.
Não desculpei. Isso não se faz em show de ninguém, com banda independente nenhuma. Não admito no festival e repudio em outros locais. Ou estamos todos num mesmo barco, ou existem mundos independentes e paralelos segmentados? RESPEITO AÍ GALERA.

Começa o show das meninas e o espaço entra em delírio e forno...


Impossível não participarem todos.
A banda era sensacional e coisa boa nunca deve ser deixada de fora.

Não só venderam discos no local, mas conseguiram garantir a presença do público para além das 19h.

Valeu Maquiladora pela confiança e pelo talento empregado ao festival - o que só nos dá mais credibilidade e vontade de superar qualquer desafio. Nos veremos mais, daqui pra frente.

As bandas esperaram até os shows começarem às 19 horas. Ficamos todos na porta do Motorock. O espaço era pequeno demais para todos nós.

Depois do último show do evento, começamos a escalar as bandas com prioridades de horário.

Entra Up Brothers.


A banda levou mais uma galera pro local. E fez um short-show para que todos pudessem se apresentar à tempo da dispersão.

Entra o Projeto TRATOR derrubando tudo.


O som dos caras é tão alto e potente, que fica difícil de seguir a bateria. É a bateria que segue a guitarra, ligada simultaneamente num ampli de baixo e em outro de guitarra.

Entra Kopos Sujus.


Há males que vem pro bem.
Aquela era a casa perfeita pra banda. Pena que não poderiam vir na sexta e, por força das circunstâncias, estavam lá naquele atípico domingo.

Ainda faltavam duas bandas, mas não tínhamos mais horário pra isso.
Converso com Os 4 Ventos para cancelar aquela apresentação e dirigí-la ao Stonehenge, nesta semana. Combinamos assim.

Numa inevitável segunda apresentação no Motorock, a banda Scott Tigger.


Agora pude ouví-los.

Um som sessentista que mistura blues e folk, dando uma cara rock'n'roll com apóstrofo e tudo.
Ficava procurando o encaixe do baixo ausente na banda. Não cabia. Qualquer espaço vago era rapidamente preenchido por arranjos graves da segunda guitarra muito bem paletada.
A sobreposição harmônica era extremamente detalhista nos arranjos da banda.

É muito possível fazer música com guitarra e bateria, foi comprovado neste festival com as bandas Scott Tigger e Projeto Trator.
Também é possível fazer música sem guitarra, vide The Hell's Kitchen, Hotel Tofu e Projeto da Mata.

Aqui, o mais importante é a diversidade, a multiplicidade.

Nesse aglomerado de sons e gentes, nos sentimos parte de uma coisa significativamente grande.

AGRADECIMENTOS

Ao Edmundo (Matriz) pelas portas sempre abertas há mais de dez anos para artistas de todo o país e por comprar esta causa conosco, nos cedendo o espaço de 3 das 5 grades semanais da casa, na terceira semana do festival.

Ao Gil e ao pessoal da Obra, Claudão, Lino e Marcelim, por dar prioridade ao III BH Indie Music adiando as férias merecidas do cara.

Agradecer ao Fernando (Motorock) por abrir este espaço, sem meias palavras, ao Festival, e por segurar a onda com a gente neste atípico domingo indie.

Agradeço a todas as bandas que estiveram aqui na cidade esta semana, serão todas muito bem-vindas, sempre. Em especial, às de domingo que dividiram as tensões e energias positivas conosco.

Agradecer e dar os parabéns às bandas locais que ralaram esta semana: Luiz (Os Agulhas), Bertola, OFuska, Simples, Cuatro, Us Mula, Os Decréptos, Doravante, Cosmocrunsh, The Flexionators, Consciência Suburbana, Superegos, Os 4 Ventos, Palimp e a galera dos bastidores que ainda vai se apresentar.

SOBRE O ALETHÁRGIKA

Enviei um e-mail pra banda constando apenas um dos shows da sua agenda.
A falha foi minha, na ausência da banda.
Mas assinaram a mea culpa, em não ler os e-mails e o blog.

Continuamos da metade pra frente. Vou agora, correr pra Obra.

por Malu Aires


PROGRAMAÇÃO DA QUARTA SEMANA

  • 30|09 - quarta-feira
A Obra - III BH Indie Music
Shows das bandas :
Os Agulhas, Cosmocrunsh e Libertas D' Acta
Rua Rio Grande do Norte, 1168 – Savassi
Ingressos: R$7,00 Horário: 22H
Info: 31 3261.9431
Censura: 18 anos
  • 01|10 - quinta-feira
Matriz - III BH Indie Music
Shows das bandas independentes :
Fábrica de Boatos, 9s Fora Rock, e Luis Curinga
Rua Guajajaras, 1353 – Centro
Ingressos: R$8,00 Horário: 21H
Info: 31 3212.6122
Censura: 16 anos
  • 02|10 - sexta-feira
Motorock - III BH Indie Music
Shows das bandas independentes :
Cães do Cerrado, Bermes e Aura (Divinópolis)
Ingressos: R$ 5,00 Horário: 21H
Rua São Paulo, 1480 – Lourdes
Censura: 18 anos

Studio Nafta Pub - III BH Indie Music
Shows das bandas independentes :
Flávio Junio & Mundo Pacumã (Gov. Valadares), Cuatro, G50 Gertrudes e Hotel Tofu
Ingressos: R$10,00 Horário: 21H
Rua Catete, 603 - Alto Barroca
Info: 31 3332.1633Publicar postagem
Censura: 18 anos

ANUNCIAREMOS A AGENDA COMPLETA AMANHÃ NESTE BLOG.


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