A primeira semana do III BH Indie Music, realizou 20 shows, em 05 casas diferentes.
QUARTA-FEIRA
A semana começou na quarta-feira, n'A Obra.
Estávamos programados para receber 3 bandas de Brasília, naquela noite, mas Cassino Supernova, desmarca o show às 13 horas da mesma quarta em que já deveriam estar na cidade. Sem comentários...
Brown-Há que dividiria o transporte com a banda que não veio, teve de arcar, de última hora, com a viagem sozinha. O que desgastou os ânimos da banda e fundo do bolso, também.
No entanto, as bandas Malc e Brown-Há, juntas, foram mais que suficientes para mostrar o valor da cena independente do DF. E assim fizeram...
Banda Malc - DF
Os caras foram sensacionais...
A casa não estava cheia. A pista merecia ter sido usada e muito, pro som dos caras.
Nada tirou o ânimo da galera, nem mesmo o cansaço da viagem em carros apertados (são 10 horas de estrada).
Repertório divertido, inusitado. Formação com metais bem arranjados. Uma grande estréia pro nosso festival.
Brown-Há - DF
À seguir, sobe Brown-Há.
Não à toa os caras estão galgando bons passos de carreira em Brasília.
O show é redondo, a pegada é profissional e os hits são bem embalados e entoados por uma presença de palco super preparada.
As duas bandas não se conheciam em DF, mas a interação das duas parece prometer futuros encontros no palco.
QUINTA-FEIRA
Já desfalcada a grade, com a ausência do Cassino Supernova, três bandas subiriam ao palco do Matriz.
Mas eis que surge mais um imprevisto. Desta vez, o vexame veio daqui - a banda Copulla, uma das mais votadas na seletiva final do III BH Indie Music, não só chega sem alarde, sem preparo na divulgação de sua estréia no festival (não trouxe uma pessoa sequer ao show), como chega sem o baterista - disseram que ele estava preso no estúdio e só chegaria para o show às 23 horas. Enrolam até às 23:30h para sairem à francesa com a desculpa de que o baterista iria receber cartão vermelho. Cartão vermelho e por 2 anos, para todo o time - Copolla está fora do BH Indie Music.
Só conseguimos segurar os integrantes da banda para prestigiarem o show das bandas de fora, após uma pergunta bem inquieta: "Tá, mas vocês não vão ficar nem pra ver o show das bandas, gente?". Ficaram, mas... putz...
A dobradinha se repete, mas não era bem isso que eles queriam. As bandas Brown-Há e Malc queriam interação, já.
E interagiram bem com o palco, som e estrutura do Matriz.
Que foi mais que aprovada, elogiada e desejada pelas bandas.
É que em Brasília não existe espaço para a cena independente. As bandas não têm onde tocar e, se em cada cidade brasileira tivesse um Matriz, a cena indie estaria feliz.
Era o último show da Brown-Há em BH. Estavam indo embora. O investimento deles para estarem aqui, espero ter sido recompensado pela nossa gratidão com essa amizade e aproximação, além da curtição da platéia com o show deles.
Disse Gil (d'A Obra): "Os caras são bons, heim Malu!?"
Disse Edmundo (Matriz): "A banda é muito boa!"
Eles bem sabem o quanto valem e apostam. Aposta ganha.
Vocês são demais. Valeu Brown-Há!
SEXTA-FEIRA
A casa de maior ansiedade na estréia no circuito do III BH Indie Music.
Motorock é a sede do clube de motociclistas Vutus.
Lá, a norma é a seguinte: Jaqueta não paga. Só o público comum.
Eu fiquei na portaria cobrando e garantindo o público da casa.
As bandas, lá dentro, em pânico do que as esperavam...
Os estilos: Project XK (SP) - eletrorock, Malc (DF) indie-alternativo-ska, Velhos e Usados (DF) indie.
O público local, foi formado por gente que passava na porta (aliás, êita rua movimentada) e pelos motociclistas do clube.
O som foi montado pelo Studio HUM (nossos agradecimentos à galera pelo apoio).
Project XK - SP
A banda paulista e nada a temer, abriu à noite.
Ousados, misturaram eletro e acústicos, orgânicos e sintetizados e, já na estréia da estréia do festival no Motorock, mostraram e provaram que é possível a música independente atravessar qualquer fronteira de público. O público inteligente está em todos os lugares onde a música couber.
Malc faria o seu último show pelo festival e eram os mais ansiosos das três bandas da noite, quando, de repente, o quartinho do Motorock ficou pequeno para tanta gente que entrava - jaquetas e não jaquetas. Todos curtindo muito a banda. Sensacional...
"Foi o melhor show da gente no Festival" - disseram uníssonos.
Velhos e Usados - DF
Fechando a noite do Motorock, a estréia de Velhos e Usados - mais uma banda do Planalto Central chegando ao festival.
Com duas guitarras, um baixo, um notebook ligado a dois teclados sintetizadores, o Motorock provou comportar também complexidades técnicas.
Na portaria, ainda estava eu, presa.
Aglomerou, certa hora, um grupo de jovens curiosos e alternativos.
"BH Indie? Quem tá tocando?" - respondi dando os nomes das bandas e suas cidades de origem.
"O que? Velhos e Usados? Por esse preço? Vamos entrar agora!"
Detalhes narrativos que fazem da gente muito feliz, apesar de todo o cansaço.
SÁBADO
Aquele sábado prometia muito corre-corre. Eram duas as casas simultâneas abrigando o festival: Stonehenge e Hollywood. Cada uma distante da outra por bons 15 Km.
Primeira parada: Hollywood.
Chego lá para os agendamentos da noite.
Temos problemas: 1 amplificador de guitarra a menos e máquina de chimbal e suporte de caixa, sendo necessários para a Velhos e Usados.
Hotel Tofu abriria a noite e o festival no Hollywood. Mas a banda é folk e não tem baterista na sua formação. As violas e bandolins não precisam de amplificadores. Eles não poderiam nos ajudar.
Restava pedir auxílio à Circular 01, outra banda local.
A banda só tem uma guitarra na formação e o amplificador que tínhamos na casa seria suficiente pra ela, mas o Pedro, nos empresta o amplificador pessoal dele (bagagem a mais) para ajudar as bandas Velhos e Usados e Project XK.
A bateria era outra complicação... O baterista da Circular 01 não chegava...
Pedi, então que a Amanda (equipe de suporte do Hotel Tofu) pudesse me avisar quando o baterista do Circular 01 chegasse. Acho que a deixei em pânico. Valeu Amanda pela ajuda e "assistência de corre".
Corro para a segunda parada: Stonehenge
A portaria já estava repleta de artistas.
As bandas Liwafelk (DF), Plame (SP) e Seu Juvenal (Ouro Preto/Uberaba) já estavam na porta.
Precisava tirar do carro da Fernanda (meus agradecimentos pela carona) 02 amplificadores de guitarra e deixar no Stonehenge - a pessoa que alugara os equipamentos do Stonehenge não tinha amplificadores disponíveis pr'aquele sábado.
Então carreguei os dois do Motorock ao final dos shows, para meu apartamento para poder usá-los no sábado. Que bom que tive braço.
Levamos os amplificadores pro palco do Stonehenge e volto à calçada para cumprimentar os chegados. Faço uma enquete dos equipamentos de cada banda, pra saber se posso suprir as ferragens que faltariam no Hollywood. Não poderia.
E o som? Já chegou? Não. O pessoal que nos alugaria os equipamentos no Stone, estava atrasado em mais de 1 hora e meia, do combinado. Ligo correndo. Do outro lado da linha, o cara em pânico: "Como não chegou? Vou resolver isso agora."
Minutos depois, me retorna, dizendo que a pessoa responsável pelo transporte deste equipamento tinha se envolvido em um acidente de trânsito e que ele passaria no local para tirar os equipamentos do carro batido e levar até o Stonehenge.
Ok. Nada de pânico, ou paranóia. Aquele incidente seria resolvido. E foi. O som chega.
Volto à calçada, tenho que ajudar na organização das cartelas de entrada da portaria. Quando encontro Salviano (equipe de suporte d'US Mula Preta).
" - Malu, US Mula não vão poder tocar. O guitarra foi fazer show em Divinópolis e não pode voltar hoje."
Ah, era só mais essa que me faltava...
Vou até os 3 Mula Preta que estavam lá, a fim de resolver o impasse.
Dei três sugestões alternativas à banda:
1. US Mula sobem ao palco com baixo, batera e vocal e fazem um show coxa-bamba - nota 5.
2. US Mula Preta não se apresentam e estão banidos do BH Indie Music - nota zero (lamentável).
3. US Mula arriscam tudo e convidam Zacca do Seu Juvenal para uma jam (participação especial) no show da banda - nota de 10 a 1.000.
Deixei que se organizassem.
Optaram pela terceira sugestão e por relatos, foi uma apresentação inesquecível.
Agradecimentos especiais ao Zacca e ao Seu Juvenal, pela humildade, carisma, boa vontade e talento.
Coloquei a Plame no palco e corri direto pro Hollywood - sem uma câmera e sem fotos... Iria apagar incêndios. O baterista da Circular não chegara no Hollywood, eram quase 11 da noite e a Project XK, escalada para fechar a noite, tinha que ser remanejada às pressas no lugar da Velhos e Usados. Corri pra lá.
E estas imagens do Stonehenge são do Marco Antônio, que ficou firme, forte e alerta no local. Valeu Marco.
Plame (SP)
US Mula Preta (BH) - Participação especial de Zacca na guitarra
Seu Juvenal (Ouro Preto/Uberaba)
Liwafelk (DF)
Enquanto o pau quebrava no Stone...
Cheguei ao Hollywood às 23 e pouco.
O Hotel Tofu já estava sendo tietado pelo público local e pelas bandas Velhos e Usados.
No espaço reservado às bandas - alías que espaço agradável - Project XK estava lanchando e também sendo tietado pelos produtores locais. Não esperavam tamanha multiplicidade musical, fomos do folk, ao eletro, do indie ao pop.
O Hollywood estava impressionado com a qualidade e diversidade da cena independente que estava aportando por lá.
O baterista da Circular 01 estava chegando e Velhos e Usados pôde subir ao palco, enfim.
A banda brasiliense estava muito satisfeita com a casa e sua tecnia disponível.
É bom ouvir os elogios das bandas aos "apostadores" de novos espaços à música independente em BH. Eles precisam receber de vocês este feed-back para continuarem. Nunca deixem de agradecê-los.
A noite seguiu sem congestionamentos técnicos imprevisíveis e, às 3 horas, recebo um telefonema de que no Stone tudo correu bem e o show do Liwafelk já havia terminado.
Já estava voltando. Após um balanço com o Hollywood do que acharam da primeira noite do III BH Indie Music que, adianto, os animou muito, volto tranquila ao Stonehenge.
Os dois amplificadores, agora vão de táxi até o Conservatório, antes que ele feche.
Chegando, já no corredorzinho do Stone, quase 4 da manhã, fui recepcionada pelos funcionários da casa que me cobraram mais participação do público para o local. Esperavam 3 vezes mais gente do que receberam. Nosso trabalho coletivo esta semana, deve triplicar, pessoal - foi o prometido por mim.
DOMINGO
Após poucas horas de sono mal dormidas, me vi exausta. Aliás, exaustão é substantivo abstrato bem comum, nos últimos dias.
Montagem completa de palco no Conservatório Music Bar.
O Conservatório é uma casa de shows bem tradicional em BH. Nada tradicional é a abertura da casa aos domingos, nos últimos 30 anos.
Fomos pioneiros.
Cinco bandas estariam no palco. Dentre os encontros previstos, Liwafelk se encontraria em palco, pela primeira vez, com Velhos e Usados, ambas de Brasília.
Plame abriria de novo. O hardcore da banda não poderia ser colocado no meio da programação soft e os meninos voltariam à Sampa no mesmo dia.
Na platéia, orgulhosos, os pais de um dos meninos da banda Plame, separados por mais de 500 km de saudades - foi bom ver a cena.
Há poucos metros de distância, o Motorock fazia um evento com bandas de rock locais. Dobrei a esquina e convidei a moçada por meia-entrada a prestigiarem as bandas do festival. Os Agulhas e Demonlays ainda não tinham tocado e prometeram, ao final dos shows, darem um pulo no Conservatório.
A câmera fotográfica estava com o Marco Antônio e as bandas Plame e Liwafelk ficaram sem seus devidos registros fotográficos.
Mas depois das 8 da noite, eis que chega o senhor das imagens do BH Indie Music - cansado, ainda acreditando que aquela maratona, que começou pra gente na segunda, fosse somente um pesadelo para aquele humilde bancário que nos acompanha, desde 2008.
Monograma - BH
A banda estava muito feliz porque estava sendo transmitida uma entrevista para todo o Brasil, naquele dia, pela OiFM.
A platéia cantando e entoando seus refrões, previa uma boa estrada para a banda mineira em 2009.
Acho que o trabalho desta organização em BH, surte efeitos positivos para algumas bandas daqui. Eles merecem.
Uma única crítica: a banda deve prestigiar seus colegas de palco, sempre. Porque deles também é a responsabilidade pelo sucesso alcançado pela banda hoje. Ninguém alcança nada se sozinho.
Velhos e Usados fazia seu último show pelo festival.
Tinham feito um tour em BH, jamais pensado pelo grupo. Cada casa, uma show diferente de se ouvir e ver e eles sabiam disso, estavam a cada dia renovados. O ápice da programação de domingo.
Chega a moçada do rock da casa parceira ao lado. Promessa cumprida e a platéia já apresentava caras conhecidas - Leo (Valsa Binária), Os Agulhas (em peso), Demonlays (em peso e em companhia dos amigos) e Pedro (Circular 01), no local desde cedo.
As Horas - BH
A banda As Horas, após algumas horas de espera, sobe ao palco.
E encerram nossa estréia no Conservatório Music Bar.
O som da casa foi operado pelo Carlão - técnico do local.
Os equipamentos foram cedidos pelo Studio HUM em mais um apoio imprescindível para a realização deste festival.
Um toque geral para os shows no Conservatório: teremos o mesmo equipamento todos os domingos e os amplificadores falam de verdade. Não abusem no volume, só porque os instrumentos estão mostrando textura dos harmônicos.
Nos shows ao vivo, sempre perdemos alguma textura dos solos, em prol de um conjunto harmônico, quando as casas comportam até 300 pessoas.
Regulam o volume do palco, do mais para o menos e não o contrário e as canções agradecem.
SALDO FINAL
PRODUÇÃO ARTÍSTICA - tecnia e operação
Num balanço geral dos 20 shows dessa semana, o saldo foi bem positivo.
Tecnicamente, ninguém ficou sem equipamento ou recurso sonoro.
Todas as casas mostraram suficiência técnica. O tratamento acústico de cada casa também merece nota 10. Não incomodando os vizinhos, os shows não são prejudicados.
As bandas locais, também foram muito importantes na ajuda de equipamentos adicionais, cedidos gentilmente às bandas de fora.
DIVULGAÇÃO
Na divulgação, tivemos uma matéria de capa no jornal Estado de Minas, já na primeira semana (mais de 71.000 exemplares diários vendidos), matéria publicada no Jornal O Tempo (202.905 page views só na edição on line) e uma reportagem no Jornal da TV Rede Minas (rede aberta).
Distribuímos 2.000 programas e 5.000 flyers do III BH Indie Music.
Todas as casas estão marcadas pelo III BH Indie Music e com a programação completa impressa em cartazes coloridos.
Foram enviados 20.000 e-mails pelo BH Indie Music.
A imprensa impressa, radiofônica, eletrônica e televisiva, recebe material semanal do festival.
PRODUÇÃO EXECUTIVA
Dentro das possibilidades financeiras de cada banda vinda de fora, todos ficaram hospedados em Hotéis e pousadas indicadas pela Organização, salvo quem tinha família, amigos ou parentes na cidade.
Dicas de restaurantes são pedidas na hora da fome que pode acontecer em qualquer lugar.
Para restaurantes próximos às pousadas e hotéis indicados, temos referências. Para qualquer outro lugar na cidade, sanduíches e PF´s são encontrados em várias esquinas.
A Express Vans foi a empresa mais barata no traslado de Confins à BH. Cobrando R$120,00, fica muito mais em conta e cômodo que os ônibus que o aeroporto oferece para o trajeto, quando vindo mais pessoas.
Muitas bandas vieram de carro e isso tornou bem fácil a locomoção de boa parte delas.
As bandas que entraram em contato comigo, assim que chegaram, me deram muito menos preocupação. Espero que todos façam este contato, porque a viagem de todos me preocupa, sim.
INTERAÇÃO
O DF foi representado, nesta primeira semana, por 4 bandas. Nenhuma delas se conhecia.
No palco do Conservatório, integrantes da Liwafelk e Velhos e Usados, descobriram que foram amigos de faculdade.
O Plame, me trouxe notícias do bairro em que eu vivia em Sampa.
O Zacca do Seu Juvenal, provocou uma distância mínima entre uma banda e outra - ouvido bom e música no sangue.
Esta primeira semana do III BH Indie Music, o Brasil ficou pequeno dentro de BH, enquanto Belo Horizonte dilatou seu campo de ação cultural na música.
por Malu Aires
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